Com formas distintas de atuação e de olho nas eleições para presidência da Câmara, em 2021, o centrão vai se dividir formalmente nos próximos dias. O grupo de nove partidos liderado por Arthur Lira (PP-AL) deve perder a participação de DEM (28 cadeiras) e MDB (35 cadeiras). Com isso, será reduzido de 221 para 158 membros.
Com a mudança, o bloco que atua como base informal de Jair Bolsonaro (sem partido) ficará com PL, PP, PSD, Solidariedade, PTB, Pros, Avante. Ainda assim, o centrão continuará a ser o maior grupo da Casa.
Nos bastidores a divisão também passa pela eleição da Câmara, que será em 2021. São cotados nomes como Arthur Lira, Baleia Rossi (MDB-SP), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Elmar Nascimento (DEM-BA). A divisão do grupo indica que os dois grupos podem atuar de forma conjunta em algumas pautas, mas vão buscar condições para lançarem seus candidatos ao comando da Casa.
Apesar da divisão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ao UOL que não será formado um novo bloco.
Todo ano é assim. Faz-se o bloco e depois da data para contabilizar a comissão de orçamento, o bloco acaba”
Rodrigo Maia, presidente da Câmara
Desde a aproximação de alguns partidos do centrão, como PL, PP, Republicanos e PSD, com o governo Jair Bolsonaro (sem partido), as legendas que integram o bloco têm adotado movimentos distintos.
Na votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Fundeb (fundo de financiamento da educação básica), na semana passada, o bloco liderado por Lira tentou obstruir a votação em prol do governo. No entanto, acabaram negociando com os demais partidos da Casa a aprovação do fundo com troca de apoio para a futura criação do programa federal Renda Brasil.
Esses partidos liderados por Lira têm negociado troca de apoio com Bolsonaro por cargos na máquina pública e garantido ajuda em pautas de interesse do governo. Mas enfrentam resistência de parlamentares ligados a Maia, principalmente no DEM e MDB, que não estão diretamente ligados ao Planalto.
Pelo Twitter, Lira escreveu que “o bloco de partidos que é chamado de centrão tem como objetivo manter o diálogo e a votação das pautas importantes para o país. O chamado bloco do centrão foi criado para formar a comissão de orçamento. Não existe o bloco do Arthur Lira”, escreveu.
Apesar de a CMO (Comissão Mista de Orçamento) não estar instalada ainda, há o entendimento de que mesmo com a saída de DEM e MDB, o grupo poderá indicar a maior parte dos membros do colegiado. Isso em razão do bloco ter sido feito no início do ano, quando devem ser indicados cargos para as comissões. Mas a instalação só não ocorreu devido à pandemia do novo coronavírus, que suspendeu as sessões presenciais.
A formação do bloco com maior número de deputados garante a indicação de mais cadeiras ao colegiado que é responsável por discutir e montar, entre outros projetos, o Orçamento.
A composição do blocão, permitiu ao centrão ter 18 dos 40 assentos no colegiado mais cobiçado do Congresso, a CMO. A aliança abrigava, ainda, PSL, PSDB e Republicanos, que formalizaram a saída anteriormente.
Pelo Twitter, o presidente e líder do MDB, Baleia Rossi (SP), declarou que apoiam o que acreditam ser bom para o país.
“A presença do MDB no bloco majoritário da Câmara se devia às cadeiras nas comissões. Manteremos diálogo com todos”, escreveu Rossi.
Os blocos parlamentares são previstos no regimento e servem para atuação políticas nas sessões e no Congresso. Os líderes podem fazer uso da palavra e pedir votação, práticas de regimento para ajudar ou travar o andamento das sessões. Os líderes dos blocos também indicam os deputados para compor as comissões e registram os candidatos para concorrer aos cargos da Mesa.
O Centrão
O centrão, formalmente não existe, é o nome dado a um grupo formado por partidos de centro que atuam de forma conjunta e coesa em diferentes temas na Câmara. Esse tipo de movimento político acontece desde a década de 1990.
Ao longo do tempo houve mudanças na forma de atuação e sua composição. Por ser informal, não há uma liderança única, e sim influência dos presidentes de partidos e líderes de bancada das siglas que integram o bloco.
Sempre com peso político no Congresso, o grupo já teve lideranças com perfis diferentes, como Michel Temer (MDB), mais discreto e conciliador, e Eduardo Cunha (MDB), de atuação contundente e duro na negociação.
Atualmente exercem influência sobre essas siglas nomes como Rodrigo Maia, Arthur Lira, Wellington Roberto (PL-PB).
FONTE: UOL
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