Antes mesmo do cenário atual, com um caso confirmado do novo coronavírus e centenas de outros suspeitos no Brasil, eu já havia escrito, com preocupação, sobre os riscos de o brasileiro desencadear a doença psicogênica em massa, conhecida popularmente como histeria coletiva. Já vimos situação semelhante na área da saúde quando apontaram as vacinas de rotina como responsáveis pelos bebês com microcefalia. Com tempo e calma, a síndrome do Zika vírus veio como confirmação para a má formação congênita dessas crianças.
Há muitos registros ao longo da história sobre este fenômeno ao “comportamento coletivo”. Citei a ‘praga da dança’ em artigo anterior, mas tem também o famoso caso do Cine Oberdan, na cidade de São Paulo, onde dezenas de pessoas foram pisoteadas e mais de 30 foram mortos em razão de um incêndio que nunca existiu. Isto mesmo, alguém gritou “fogo”, e nunca houve qualquer sinal de incêndio.
82 anos depois, estamos aqui a tentar instruir os brasileiros para minimizar os riscos da histeria coletiva. Incansavelmente, desde janeiro, o Brasil se prepara para quando registrasse casos suspeitos e confirmados do novo coronavírus em nosso território. Existe uma transparência sobre as medidas adotadas por Municípios, Estados e Ministério da Saúde. Não apenas isso, há uma orientação aos brasileiros sobre educação em saúde, tantas vezes desleixada, e como avaliar se pode vir a ser caso suspeito ou não.
Em um dia o vírus foi confirmado em um brasileiro recém chegado da Europa. A partir de então, alguns brasileiros com sintomas de gripe passaram a se considerar suspeitos de ter contraído o novo coronavírus. Estes, sequer estiveram em áreas com transmissão, muito menos tiveram contato com pessoas com diagnóstico confirmado ou suspeito.
Como era de se esperar, após a notificação em 16 estados sobre casos suspeitos no Brasil, o Maranhão também notificou a suspeitas de dois, e aí, meus amigos, deu-se lugar ao desespero e à histeria. Há quem já apresente sintomas clínicos de febre e tosse, pois passaram na mesma unidade de pronto atendimento onde tivemos um caso não confirmado.
Nosso período de chuvas é totalmente propício ao aumento de vírus que desencadeiam doenças respiratórias. Febre, tosse, coriza, peito carregado são sinais e sintomas dessas doenças da época. O que fazer? Cumprir com as recomendações e redobrar cuidados na higiene pessoal.
Se estiver doente, fique em casa, recupere-se. Beba água. Alimente-se bem. Lave as mãos com sabão constantemente. Use o antebraço ao tossir ou espirrar. Tenha em mãos um álcool em gel. Use lenços descartáveis. Evite ficar perto de pessoas doentes. Isso vale para o ano todo e ajuda a prevenir as doenças respiratórias.
Sobre o novo coronavírus, vamos deixar claro algumas verdades. O vírus é perigoso, por isso devemos tomar medidas preventivas. O Governo tem feito sua parte, cada pessoa deve fazer o mesmo com os cuidados pessoais. A taxa de mortalidade é de 3,4%, acima dos 60 anos. Abaixo dessa idade, chega 1,3%. Para quem tem menos de 40 anos, 0,2%.
Além disso, o Ministério da Saúde deve definir uma data para o início da campanha contra influenza, que ajuda a combater os demais vírus em circulação. O calendário será divulgado e os grupos de riscos convocados.
No mais, o Twitter fez recente pesquisa e apontou que maior parte dos usuários da rede social do Brasil fizeram piada a respeito do novo coronavírus. O brasileiro ri de si mesmo. Ainda que haja um nível alto de alerta, em razão da transmissão rápida, não há razão nem para a histeria nem para a piada com algo sério. Se não conseguimos abrir mão do humor, que possamos também não abrir mão dos cuidados básicos para prevenção.
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