Aspergilose Invasiva e Mucormicose pioram estado de saúde de pacientes acometidos pela doença e podem ser fatais em até 96% dos casos, se não tratadas adequadamente e no tempo correto
Nunca se falou tanto sobre o ambiente das unidades de terapia intensiva como no último ano. Desde o início da pandemia de COVID-19, as UTIs e seu funcionamento passaram a ser mais conhecidos e discutidos por grande parte da população, seja por experiências próprias, com pessoas próximas ou mesmo por meio do noticiário. Mesmo assim, poucas pessoas sabem que internações prolongadas, o uso de medicamentos contínuos e a necessidade de ventilação mecânica podem deixar os pacientes suscetíveis a infecções, entre elas as infecções fúngicas que, se não tratadas corretamente, chegam a levar a óbito até 96% dos infectados.
As infecções fúngicas tornaram-se conhecidas mundialmente com o crescimento da COVID-19 na Índia, onde cerca de 15 mil casos de Mucormicose foram documentados. No Brasil, além dos registros de Mucormicose no Amazonas, em Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, também foram relatados casos de Aspergilose Pulmonar associada a COVID-19.
Devido a gravidade do assunto, a Anvisa publicou recentemente uma nota técnica alertando e orientando profissionais de saúde para possíveis novos casos no país.
As infecções causadas por fungos, no começo, se parecem e têm sintomas semelhantes aos das causadas por vírus ou bactérias, sendo tratadas inicialmente como tal. No entanto, elas se mostram mais persistentes e não costumam cessar mesmo após ciclos de tratamento com dois ou três tipos diferentes de antibióticos. Embora esta seja uma situação corriqueira na rotina dos profissionais de saúde, a persistência do quadro infeccioso deve ser vista como um sinal de alerta. Apesar de serem consideradas doenças raras (qualquer patologia que afete até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos, de acordo com Organização Mundial da Saúde - OMS), em grupos específicos de pacientes, as infecções fúngicas possuem uma incidência relevante e são uma condição séria e debilitante.Segundo recente pesquisa realizada na Europa, pacientes de UTI internados por síndrome respiratória aguda grave (SARS), que podem ser originadas pelo COVID-19 ou pelo vírus Influenza, compartilham características que aumentam o risco de pneumonia associada à ventilação mecânica, administração de corticosteróide e desregulação sistêmica da função imunológica - o que podem levar a doenças fúngicas. O estudo, feito com 120 pacientes nesta situação, constatou que 22,5% apresentaram aspergilose pulmonar.
As infecções fúngicas possuem uma incidência relevante, sobretudo em pacientes cujo sistema imunológico está comprometido em virtude de outras condições clínicas, como é o caso de pacientes graves de COVID-19. Figuram também nessa lista pacientes soropositivos, transplantados, pessoas que passaram por cirurgias complexas, pacientes oncológicos submetidos a longos períodos de tratamento com quimioterapia e aqueles submetidos a várias linhas de antibioticoterapia e corticóides em ambiente de UTI.
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