Sete milhões de pessoas morrem por ano em razão do tabagismo. Destas, 900 mil são vítimas passivas dos quem detêm o vício pela nicotina. No Maranhão, 15,3% das pessoas são fumantes. De forma tímida, este número tende a cair progressivamente. No passado, pouco mais de 1/5 da população do nosso estado era fumante. Você pensaria “é pouco”, mas volte e releia a primeira linha deste artigo.
A ciência tenta desvendar a cura para a Aids, cânceres, e para tantas outras epidemias, mas ainda não será possível reverter os sete milhões de mortos até o final deste ano em razão do tabaco. Que soluções poderíamos ouvir: “proíbam a venda”, “internem todos compulsivamente”, “criminalizem o cigarro”. O problema é maior e subjetivo.
Enquanto as grandes indústrias lucram bilhões com cigarros e empregam milhares de pessoas, o fumante sofre a consequência do seu uso – geralmente prolongado – de maneira física, mental e emocional. Como combater uma droga lícita, livremente comercializada, que por muito tempo era o charme das propagandas, filmes, novelas e de artistas famosos? A supervalorização do consumo do cigarro influenciou o pensamento da sociedade quanto à aceitação desta droga.
No momento, o problema de saúde pública encontra uma saída: mudança de comportamento. Profissionais de saúde garantem que os serviços de apoio e a medicação fornecida pelo Ministério da Saúde auxiliam no tratamento, mas – enfaticamente – alertam que o vício só pode ser superado mediante a conversão de atitude.
Apostando no tratamento com abordagem comportamental, o Centro de Saúde Genésio Rêgo, em São Luís, abriu o serviço de apoio para auxiliar o fumante a parar com o cigarro. As reuniões em grupo contribuem com o processo, que é todo centrado na mudança de comportamento. O fumante é conduzido a perceber o motivo pelo qual fuma e, a partir deste ponto, traçam-se estratégias para superar o vício.
Para ampliar o acesso ao tratamento, este ano, o Governo do Maranhão realizou a capacitação de profissionais de saúde de 87 municípios do estado. Além disso, deu-se início também a arrecadação de alíquotas de impostos sobre o cigarro para o Fundo Estadual de Combate ao Câncer. Afinal, de cada 100 pessoas acometidas pelo câncer, 30 são fumantes.
Uma importante ressalva. Devemos sempre relembrar que a luta contra o tabagismo – ou a obesidade, a anorexia, ou mesmo o sedentarismo – não pode simplesmente ser encarada como uma batalha contra indivíduos imprestáveis.
Profissionais da saúde desaconselham o tabaco. Cientistas demonstram o malefício dele à saúde individual e coletiva. Mas cada um, no seu espectro de liberdade, escolhe o modo de viver que lhe parece adequado de acordo com a informação que dispõe.
Cabe ao estado, nas situações em que a vontade individual é insuficiente para reverter o vício, auxiliar o indivíduo no seu pleito. Transformar os fumantes em seres infectos é apenas um erro que temos cometido ao longo dos últimos anos.
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