domingo, 3 de março de 2019

O REINADO DO MOMO, por Carlos Lula


Deus do sarcasmo e do delírio, na mitologia grega, Momo aprontou tanto no Olimpo, que acabou expulso da morada dos deuses. Tempos depois, já na era cristã, a figura foi usada por gregos e romanos em comemorações regadas a sexo e bebida. O Carnaval é o reinado de Momo, esta figura esculachada e alegre. 

Da Sexta-feira Gorda até a Quarta-feira de Cinzas – ou até o fim de semana seguinte onde existe o Lava-Pratos -, os dias ganham mais cor, música, festa e também uma grande dose de bebidas alcoólicas diversas. Por isso, arrisco dizer que o reinado também é do deus romano Baco (Dionísio, na mitologia grega), ligado à boêmia e à festa. Na Grécia Antiga, os cultos a Dionísio eram regados a muito vinho, erotismo e fantasias.

Antes que o amigo ou amiga desista da leitura, achando que vou falar sobre beber com parcimônia, vou avisando: não vou falar sobre moderação (pelo menos, não agora).

Acredito que as autoridades de saúde precisam falar a língua do público a que se destinam. Então, reconheço que vivemos em um mundo real, no qual homens e mulheres praticam sexo, consomem bebidas e cometem excessos. Eis um espaço de liberdade no qual o Estado não pode interferir. Em um adulto saudável, dentro dos limites da lei, cada um faz o que bem quiser, eis a maravilha do mundo moderno.

A bebida está ligada ao lazer e à sociabilidade. Bebe-se para comemorar, para socializar, para relaxar, para ficar mais desinibido. Do Carnaval, então, a associação é certeira. E vamos combinar, isto por si só não deveria ser um grande problema.

No organismo, o álcool provoca muitas alterações, atuando direto no sistema nervoso central. Em um primeiro estágio, a pessoa fica mais relaxada e eufórica. Se a este hábito outros cuidados estiverem associados, como se hidratar e alimentar bem, passar longe da direção de um veículo, de brigas e assédio, teremos uma festa nota 10.

Mas é sempre bom lembrar: o efeito relaxante da primeira latinha ou dose pode (e vai) desaparecer com o aumento do consumo, porque o álcool age de forma variada de pessoa para pessoa. A partir de um certo ponto as reações são mais diversas, indo da sonolência à agressividade. E aí mora o perigo.

Montamos próximo à Praça Maria Aragão um hospital de campanha para atender os casos de urgência/emergência que aparecem no Circuito Beira Mar do Carnaval de Todos. Por experiência, grande parte dos atendimentos será para quem se exceder na bebida. Quem achar que está passando do ponto ou tiver um amigo que passou dos limites, daremos toda a assistência.

Não podem beber quem está em tratamento contra alcoolismo ou fazendo algum outro tratamento de saúde, pessoas com pré-disposição (estudos associam alcoolismo à hereditariedade) ou com algumas doenças crônicas.

Voltando a Baco, ele é o deus de tudo o que é perigoso, incerto e tentador. Então, não posso me furtar de dizer também que beber e dirigir, não pode. PONTO FINAL. Beber e desrespeitar as pessoas, também não. Se aproveitar de uma pessoa bêbada, não pode (e é crime). Beber e achar que está num ringue de MMA, muito menos. Beber até perder a consciência, bem, aí é uma decisão individual, apesar do grande trabalho que você dará a seus amigos e familiares.

Divirtam-se na festa, esbanjem na folia e bebam bastante água. A ressaca de um dia pro outro acaba nos impedindo de aproveitar todos os dias de alegria.

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