segunda-feira, 15 de abril de 2019

CONTAR VIDAS, por Carlos Lula



Temos visto nos últimos meses que um governo, seja ele federal estadual ou municipal, diz muito sobre as suas prioridades quando fala exaustivamente ou ignora um determinado assunto. O comando da gestão estabelece que temas serão prioritários para o seu mandato. O que, na visão das pessoas que comandam a política pública, é indispensável. E por que o Governo do Maranhão escolheu deliberadamente a redução da mortalidade materna e infantil como uma prioridade máxima nesse segundo mandato? Por que o governador Flávio Dino colocou uma meta tão ousada para lidar com esse problema? Vamos entender um pouco sobre as razões por trás dessas escolhas.

A forma como uma sociedade cuida de suas mães e crianças indica que futuro está construindo, pois, os indicadores de saúde materna e infantil são centrais para se compreender as condições de saúde de toda a população. Cientes da importância desta pauta e da realidade do Maranhão, realizamos nos dias 11 e 12 de abril o Seminário de Fortalecimento da Rede Materna e Infantil em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS).

Recebemos a representação da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil para a entrega da Sala CUIDAR - Rede de atenção às urgências e emergências obstétricas, uma tecnologia única desenvolvida através de nossa cooperação técnica com a OPAS e que tem a potencialidade de salvar muitas vidas. Oferecerá suporte técnico de apoio e validação das conduções de situações de emergências à distância para 67 unidades de saúde de 60 municípios maranhenses. Através de um canal telefônico, médicos e outros profissionais de saúde serão orientados com protocolos voltados para atendimento de casos de hipertensão e hemorragia em mulheres durante o parto, as principais causas de mortalidade materna no Brasil e no mundo.

O Seminário e a inauguração da Sala Cuidar foram momentos de avaliar a caminhada e repensar os próximos passos, tivemos a certeza de que estamos no caminho certo. Em nossa primeira gestão alcançamos resultados históricos, como os mais de 400 dias sem morte materna na região de Balsas e a redução significativa do número absoluto de óbitos maternos e infantis nos últimos quatro anos. E esses resultados só foram possíveis através do esforço coletivo da gestão e profissionais da saúde, em prol dos usuários do SUS.

Focamos na reorganização da rede de atenção à saúde materna e infantil, para isso planificamos três regiões – Balsas, Caxias e Timon, ampliamos o acesso à contracepção de longa duração com os Centros Sentinela de Planejamento Reprodutivo – Balsas, Colinas e São Luís, descentralizamos o acesso à assistência com as duas maternidades e os 9 hospitais regionais inaugurados, entregamos duas etapas da reforma do Hospital Regional Materno Infantil de Imperatriz e inauguramos a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Materna da Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão, em São Luís, além de projetos inovadores voltados para mães e crianças como a Casa de Apoio Ninar.

Mas temos plena certeza de que é preciso mais. Não podemos parar. Continua urgente enfrentar os problemas estruturais que ainda existem no Maranhão. Criamos o Programa Cheque Cesta Básica – Gestante, através de decreto assinado ainda na posse. O programa de oferece o incentivo financeiro de 9 parcelas de 100 reais às gestantes que residem no Maranhão e possuem renda familiar de até um salário mínimo, devendo ser cadastradas até a 12° semana de gestação. As condicionalidades para recebimento das parcelas são consultas e exames de pré-natal, puerpério e puericultura.

Quase 100% dos municípios já aderiram ao programa e em breve as primeiras beneficiadas estarão recebendo as parcelas. Vale lembrar que o objetivo nunca foi fazer a distribuição exclusiva de renda, mas fazer com que as maranhenses busquem a assistência em saúde, que é capaz de monitorar fatores de risco e diminuir mortes por causas evitáveis. Além do Cheque Gestante, iniciamos as discussões para o Plano Estadual de Enfrentamento de Mortalidade Materna e Infantil, que apresenta diretrizes e estratégias para redução da mortalidade materna e infantil, com a meta ousada de diminuição de 10% ao ano nos próximos três anos.

A redução da mortalidade materna, nos anos recentes no Estado do Maranhão, trouxe um alento para todos os que trabalham e vivenciam essa tão difícil realidade. A desesperança de uma criança ou uma mãe que perdemos ao longo desta jornada é imensurável, e por isso mesmo a melhoria da nossa rede de atenção tornou-se um objetivo prioritário, e isto se deu em função do entendimento de que conseguiremos melhores resultados a partir de uma estratégia eficiente que dialogue com a sociedade civil, respeitando os interesses das mulheres, que seja referência máxima em qualidade e, principalmente, que seja capilarizada por todo o Maranhão, isto é, que não aconteça só para alguma parcela da população.

“O Maranhão vai passar a contar vidas, e não mais dias sem morte”. A frase, dita pela consultora de saúde da mulher da OPAS/OMS, Mônica Iassanã, reflete bem o tamanho do desafio que temos pela frente. Mais do que isso, mostra o espírito que tem movido as equipes de saúde ligadas à temática na Secretaria de Estado da Saúde. O desafio foi aceito! Vamos contar vidas!

Nenhum comentário:

Postar um comentário