Temos visto nos últimos meses que um governo, seja ele federal estadual ou municipal, diz muito sobre as suas prioridades quando fala exaustivamente ou ignora um determinado assunto. O comando da gestão estabelece que temas serão prioritários para o seu mandato. O que, na visão das pessoas que comandam a política pública, é indispensável. E por que o Governo do Maranhão escolheu deliberadamente a redução da mortalidade materna e infantil como uma prioridade máxima nesse segundo mandato? Por que o governador Flávio Dino colocou uma meta tão ousada para lidar com esse problema? Vamos entender um pouco sobre as razões por trás dessas escolhas.
A forma como uma sociedade cuida de suas mães e crianças indica que futuro está construindo, pois, os indicadores de saúde materna e infantil são centrais para se compreender as condições de saúde de toda a população. Cientes da importância desta pauta e da realidade do Maranhão, realizamos nos dias 11 e 12 de abril o Seminário de Fortalecimento da Rede Materna e Infantil em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS).
Recebemos a representação da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil para a entrega da Sala CUIDAR - Rede de atenção às urgências e emergências obstétricas, uma tecnologia única desenvolvida através de nossa cooperação técnica com a OPAS e que tem a potencialidade de salvar muitas vidas. Oferecerá suporte técnico de apoio e validação das conduções de situações de emergências à distância para 67 unidades de saúde de 60 municípios maranhenses. Através de um canal telefônico, médicos e outros profissionais de saúde serão orientados com protocolos voltados para atendimento de casos de hipertensão e hemorragia em mulheres durante o parto, as principais causas de mortalidade materna no Brasil e no mundo.
O Seminário e a inauguração da Sala Cuidar foram momentos de avaliar a caminhada e repensar os próximos passos, tivemos a certeza de que estamos no caminho certo. Em nossa primeira gestão alcançamos resultados históricos, como os mais de 400 dias sem morte materna na região de Balsas e a redução significativa do número absoluto de óbitos maternos e infantis nos últimos quatro anos. E esses resultados só foram possíveis através do esforço coletivo da gestão e profissionais da saúde, em prol dos usuários do SUS.
Focamos na reorganização da rede de atenção à saúde materna e infantil, para isso planificamos três regiões – Balsas, Caxias e Timon, ampliamos o acesso à contracepção de longa duração com os Centros Sentinela de Planejamento Reprodutivo – Balsas, Colinas e São Luís, descentralizamos o acesso à assistência com as duas maternidades e os 9 hospitais regionais inaugurados, entregamos duas etapas da reforma do Hospital Regional Materno Infantil de Imperatriz e inauguramos a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Materna da Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão, em São Luís, além de projetos inovadores voltados para mães e crianças como a Casa de Apoio Ninar.
Mas temos plena certeza de que é preciso mais. Não podemos parar. Continua urgente enfrentar os problemas estruturais que ainda existem no Maranhão. Criamos o Programa Cheque Cesta Básica – Gestante, através de decreto assinado ainda na posse. O programa de oferece o incentivo financeiro de 9 parcelas de 100 reais às gestantes que residem no Maranhão e possuem renda familiar de até um salário mínimo, devendo ser cadastradas até a 12° semana de gestação. As condicionalidades para recebimento das parcelas são consultas e exames de pré-natal, puerpério e puericultura.
Quase 100% dos municípios já aderiram ao programa e em breve as primeiras beneficiadas estarão recebendo as parcelas. Vale lembrar que o objetivo nunca foi fazer a distribuição exclusiva de renda, mas fazer com que as maranhenses busquem a assistência em saúde, que é capaz de monitorar fatores de risco e diminuir mortes por causas evitáveis. Além do Cheque Gestante, iniciamos as discussões para o Plano Estadual de Enfrentamento de Mortalidade Materna e Infantil, que apresenta diretrizes e estratégias para redução da mortalidade materna e infantil, com a meta ousada de diminuição de 10% ao ano nos próximos três anos.
A redução da mortalidade materna, nos anos recentes no Estado do Maranhão, trouxe um alento para todos os que trabalham e vivenciam essa tão difícil realidade. A desesperança de uma criança ou uma mãe que perdemos ao longo desta jornada é imensurável, e por isso mesmo a melhoria da nossa rede de atenção tornou-se um objetivo prioritário, e isto se deu em função do entendimento de que conseguiremos melhores resultados a partir de uma estratégia eficiente que dialogue com a sociedade civil, respeitando os interesses das mulheres, que seja referência máxima em qualidade e, principalmente, que seja capilarizada por todo o Maranhão, isto é, que não aconteça só para alguma parcela da população.
“O Maranhão vai passar a contar vidas, e não mais dias sem morte”. A frase, dita pela consultora de saúde da mulher da OPAS/OMS, Mônica Iassanã, reflete bem o tamanho do desafio que temos pela frente. Mais do que isso, mostra o espírito que tem movido as equipes de saúde ligadas à temática na Secretaria de Estado da Saúde. O desafio foi aceito! Vamos contar vidas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário