segunda-feira, 13 de maio de 2019

CARTA ÀS MÃES, por Carlos Lula


Peço licença ao leitor, hoje não escreverei um artigo, mas uma carta. Um texto direcionado às mães, talvez a sua também precise ler, então, se não for pedir muito, compartilhe.

Eu sou um dos filhos de uma única mãe, mas, desde que assumi a pasta da saúde, me sinto filho de inúmeras mulheres. Já chorei com a luta de muitas mães, assim como ganhei muitos sorrisos de lábios sinceros. Para estas situações me senti como um filho responsável por cuidar dessas vidas, de ouvir suas queixas e encontrar soluções possíveis aos seus sofrimentos – quase sempre em prol dos filhos.

Às mães do sul do Maranhão deixei rolar muitas lágrimas, antes dos sorrisos. Acabamos com o terrível deslocamento de quase 400 km de uma cidade a outra no momento mais crucial: o parto. No trajeto de Balsas até Imperatriz, durante muitos anos, a estrada conheceu os gritos de desespero e morte. Filhos se perderam, mães expiraram.

A inauguração do Hospital Regional de Balsas, em 2017, não colocou fim apenas a esta peregrinação, trouxe também a esperança. E, além da esperança, garantiu um índice antes nunca alcançado: mais de 400 dias sem morte materna na região. Onde houve choros de dor, agora habita sons de vida, de alegria e festa.

Em Imperatriz não foi diferente. A Casa da Gestante, Bebê e Puérpera também trouxe alívio ao aflito coração das mães que precisam acompanhar os bebês internados na UTI Neonatal do Hospital Regional Materno Infantil. Que mãe conseguiria ficar longe do seu filho? Logo elas tão movidas de amor e zelo. O que fizemos ao inaugurar esta Casa foi permitir descanso, acompanhamento e suporte enquanto agarram-se à fé por seu filho.

E, se por um lado algumas mães lutam pela vida do recém-nascido, outras precisam combater duras batalhas contra uma doença cruel e traiçoeira dos seus filhos: o câncer. Antes, as crianças precisavam se afastar da família e passavam a morar na capital a fim de garantir o tratamento. Desde 2017, a oncologia pediátrica de Imperatriz permite que estes pequenos permaneçam próximos de casa enquanto recebem tratamento.

Desse modo, também as mães permanecem perto de amigos e familiares, mantêm alguma rotina, e reabastecem suas forças à medida que o tratamento avança. Ainda assim, algumas mães precisam vir a capital, por isso criamos a Casa de Apoio do Hospital de Câncer e mantemos convênio com a Fundação Antonio Brunno. Por vezes, elas chegam para cuidar dos filhos, às vezes para serem cuidadas. É a dureza da vida real.

Também por vocês, mães, para o momento mais marcante de suas vidas – o nascimento dos filhos – investimos em outras duas unidades: Maternidade Humberto Coutinho (Colinas) e Maternidade Nossa Senhora da Penha (São Luís). E, ainda, como resultado da Planificação da Atenção à Saúde, as Unidades Básicas de Saúde e toda a rede municipal das Regionais de Caxias, Timon e Balsas melhoraram a assistência às mães e seus filhos.

Diante de tudo o que foi implantado, vimos que não era suficiente. Descobrimos que poucas gestantes faziam acompanhamento durante todo pré-natal. Não adiantava ter a unidade pronta para o parto e o profissional de saúde qualificado, e, oposto a esse investimento, não ter o histórico clínico dessa paciente. Essa ausência de informação ainda colocava em risco as vidas. E assim, o enfrentamento da mortalidade materna se tornou nossa política de Estado.

O Programa Cesta Básica Gestante, lançado este ano, é um incentivo as mulheres de baixa renda para manterem o acompanhamento médico regular durante todo pré-natal e pós-parto. Esta mudança de comportamento é necessária e urgente para preservação da vida das gestantes e seus bebês.

Neste pacote também estão inseridos os 38 leitos da ala da maternidade da Santa Casa de Misericórdia, que já assumimos e será inaugurado em breve. A Sala Cuidar, que oferta apoio 24 horas para as maternidades de todo o Maranhão, com suporte às urgências e emergências obstétricas. Somado a isso, já temos, desde 2017, a UTI materna na Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão.

Como podem observar, mães, nossa missão é salvar vidas, é cuidar de vocês. Sabemos que nossas ações nem sempre são suficientes para driblar a dor, mas temos dedicado todos estes anos para entregar a vocês uma rede de saúde eficiente para atender aos seus anseios.

Por amor a vocês, por tudo o que vocês representam a cada maranhense, continuaremos a investir para que os melhores momentos das suas vidas não sejam resumidos ao segundo domingo do mês de maio, mas sejam marcados por todos os dias comuns da vida, cercadas por seus filhos – sejam eles biológicos, adotivos e/ou do coração.

Viva às mães! Vivam, mães!

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