Quem aí assiste ao Big Brother? Bem, diante do meu nem tão vasto conhecimento de assuntos aleatórios, confesso antes que sei de cabeça a escalação da seleção brasileira de 1994. Não contem comigo, contudo, para saber o nome do cidadão que foi eliminado no último paredão.
Sim, prefiro me divertir com futebol. Atualmente, mais sofrendo com o Vasco que de fato me divertindo. (Quer dizer nos últimos vinte anos, né?! Paciência). Mas se não sou de acompanhar assim o BBB, não deixei de assistir, entre estupefato e algum grau de raiva, os episódios de deliberado assédio e mais rasteiro machismo que aconteceram durante esta edição do programa. Fatos mais feios que o futebol do Vasco contra o Altos, esquadrão piauiense, na última semana.
Vamos a eles: uma participante bêbada teve seus seios apalpados por um jovem sóbrio que se aproveitou da situação; o mesmo cidadão esfregou suas partes íntimas na cabeça de outra participante, também bêbada. Já outro indivíduo apertou as nádegas de uma e colocou as mãos na perna de outra, enquanto tentava beijá-la. Os diálogos dessa turma, então, dispensam comentários. Um saco de lixo.
Esse quadro de horror fez com que a atual edição do Big Brother seja a de maior sucesso dos últimos anos, com mais tweets sobre o programa até agora do que a última temporada inteira. Eu mesmo, diante de tais fatos, parei pra conversar com minha filha adolescente sobre o significado disso tudo.
Afinal de contas, já estamos no ritmo do carnaval e segundo dados do Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher), as denúncias de violação sexual costumam subir 20% no período momesco. Os relatos incluem os crimes de importunação sexual, assédio sexual, estupro, exploração sexual e estupro coletivo.
E por que esses terríveis números? Porque ainda vivemos sob a fundação de uma sociedade profundamente machista e patriarcal. Os homens mandam, as mulheres obedecem. Esse caldo cultural não é simples de ser reformado.
Esse é o principal ponto em toda a relação que se dá entre o homem e a mulher. Afinal, a principal linha para explicar a diferença entre dar em cima e assediar é o consentimento da outra parte.
Ora, se a mulher está desconfortável, não é mais flerte. E deixem de serem mimados e passem a aceitar o não. Pois é, não existe mais essa de um mandar e outro obedecer.
Aí, enquanto uma multidão está nas ruas brincando, alguns homens reproduzem o mesmo comportamento visto no BBB: aproveitam o instante de descontração para importunar mulheres. Não é flertar, é importunar mesmo.
Depois do não, meus amigos, todo o resto é assédio: forçar um beijo, puxar a moça, puxar seu cabelo, gritar, empurrar. Vamos parar com isso. E se a mulher estiver bêbada, tudo piora.
Este é tom da campanha que lançamos na Secretaria de Estado da Saúde, através do Bloco da Saúde, no circuito oficial de carnaval do Governo do Maranhão. “Nesse carnaval não pode faltar: Respeito & Camisinha.” A mensagem é para todos os foliões, em qualquer circunstância.
Quer beijar? Beijem muito, mas com a condição de que precisa ser consensual. Não insista. Não perca a cabeça nem passe dos limites. O assédio não é a investida. O assédio é depois do ‘não’, a sua insistência desmedida.
A mulher pode ter bebido todas, se vestido de qualquer maneira para cair na folia, mas nada disso significa que ela quer sua mão sebosa no corpo dela. Muita calma nessa hora.
Alguns dos episódios do BBB viraram inquéritos policiais. Então neste carnaval, faça diferente do Vasco, faça bonito: não se meta em confusão, brinque, aproveite as marchinhas, os blocos, as fantasias e leve a sua alegria para a avenida. E, sobretudo, aprendam a receber um não. Respeita as mina, bando de macho véi.

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