Para o dono da rede de lojas TNG e presidente da Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos), Tito Bessa Junior, de 62 anos, chegou a hora de os mais ricos protegerem os mais pobres diante dos efeitos recessivos da pandemia do coronavírus no Brasil.
Isso valerá, também, para o universo dos pequenos e médios empresários de shoppings, que, na estimativa de Bessa, respondem por uma cadeia produtiva que emprega entre 4 e 5 milhões de pessoas, entre vendedores e fornecedores, que podem ficar sem salários já a partir de maio.
"Eu preciso pagar meu funcionário, eu preciso pagar o meu fornecedor para que ele pague o funcionário dele", diz.
Para garantir o salário dos funcionários e a sobrevivência das empresas em um momento em que muitas ainda se recuperavam da recessão de 2014 e começavam a voltar a ter crédito, o empresário diz que o coronavírus alcançou o Brasil em um momento de fôlego curto para continuar a funcionar sem receita, enquanto os shoppings permanecerem fechados ou vazios.
"É igual um carro acabando a gasolina: pegou todo mundo com a gasolina na reserva, ninguém estava de tanque cheio ou meio tanque. As empresas não têm reservas para fazer a folha de pagamento", alerta.
"Nunca a parábola do Robin Hood foi tão verdadeira: o rico vai ter que ajudar o pobre", diz Bessa, que atua há 36 anos no mercado de varejo.
"O governo vai ter que ajudar, os bancos vão ter que ajudar, os locatários vão ter que ajudar. No caso dos locatários [das lojas de shopping] eles vão ter que fazer isso, os que locam esses espaços para a gente. Vamos ficar 45 dias sem vender nada, absolutamente nada, imagina", diz.
Em uma live realizada com outros empresários no domingo, o presidente da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, previu a possibilidade de que o desemprego atinja mais de 40 milhões de brasileiros em decorrência da pandemia.
"As pequenas e médias empresas, que, comparando ao corona, estão sem imunidade. Então elas vão morrer, precisamos de um respirador. Qual vai ser o respirador que o governo vai nos dar?", questiona Bessa.
FONTE: BBC News
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