Dentro de casa, isolado, um homem pede ajuda ao ser infectado pelo novo coronavírus. Ele precisa ser urgentemente internado. Os 350 quilos preocupam familiares, amigos, profissionais de saúde - ele mesmo. Infelizmente, a obesidade é um fator de risco mais evidente em pacientes graves.
Com o novo coronavírus é isto: a ciência, a fé e a esperança precisam andar juntas. Afinal, o que mais explicaria este paciente sobreviver - com todas as doenças crônicas advindas da obesidade - mesmo perdendo 20 quilos?! Os profissionais do Hospital Dr. Raimundo Lima, em São Luís, vão explicar que o protocolo é o mesmo, mas cada pessoa se comporta de uma forma diferente ao vírus. Eu observo a história e digo a mim mesmo “é milagre”.
Uma paciente centenária, na cidade de Balsas, venceu a Covid-19 aos 102 anos de idade. A foto onde aparece de pé, com cabelos brancos como algodão, ao lado da equipe multiprofissional do Hospital de Campanha do município deixa registrado na história a trajetória da mulher que passou por duas pandemias. Nasceu no ano da gripe espanhola e sobreviveu ao novo coronavírus. Quando isso tudo acabar, preciso conversar com ela. Para mim, sua história já é fascinante.
Poucas pessoas nesta pandemia terão vivido algo semelhante a história de pai e filho internados no Hospital Dr. Genésio Rêgo. A preocupação em dobro da família contava com o alívio por estarem juntos na luta contra a Covid-19. A alta de Márcio trouxe alegria e consolo para o pai, seu José Alves. Ele permaneceu sem previsão de alta, internado por mais tempo. Somente após 25 dias de internação, seu José voltou para a família recuperado. Pai e filho terão uma história peculiar a contar às futuras gerações. Este é um presente raro da vida.
E, nesta semana, um registro fotográfico nos apresentou a uma idosa em sessão de ‘terapia do amor’. Os profissionais do Hospital Regional de Timon perceberam que a paciente, de 105 anos, respondia melhor ao tratamento quando recebia carinho, principalmente cafuné. A estratégia mudou não apenas a assistência à paciente, mas também os profissionais que se dedicaram a ela até seu último suspiro. Aqui, o milagre não é sobre viver, mas sobre o impacto na vida dos que cuidaram dela. Certamente, outros devem seguir o exemplo.
Sobre estes profissionais na linha de frente. O que dizer dos mais de 730 curados?? Em um universo de quase 900 pessoas positivas que, por estar em contato direto com dezenas de pacientes, recebem maior carga viral. A recuperação de cada um deles tem sido um milagre. Médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas escolheram retornar à batalha após a vitória sobre o vírus, mesmo cientes que não há comprovação científica de imunidade após a infecção. Admiro a convicção deles em compreender que salvar vidas vale o risco.
Cada vez que estes aplaudem um paciente de alta, eu os aplaudo pois são instrumentos da ciências, da fé e da esperança sobre o novo coronavírus. A pandemia não é eterna, vai passar. Os milagres acontecem diariamente. Hoje, poder viver para conhecer estes milagres é um presente diário em dias de pandemia. Nos resgata, nos enche de fé e esperança. Energia a nos mover.
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