Durante a manifestação neste domingo (19/07), em Brasília, capital federal, realizada por um pequeno grupo de apoiadores do Presidente da República, Jair Bolsonaro, que ainda se recupera da covid-19, ele exibiu a hidroxicloroquina como um troféu, levantou o remédio estampando como se fosse a 'cura milagrosa' para a doença que já matou quase 80 mil pessoas no Brasil e já infectou mais de 2 milhões de pessoas no país. Veja o vídeo:
A Sociedade Brasileira de Infectologia em nota negou a eficácia concreta da hidroxicloroquina para a cura da covid-19. No mundo, especialistas na área da saúde já confirmaram também a tese da não eficácia 100% e trabalham para a criação de uma vacina.
Nos últimos dias, muito tem se divulgado nas redes sociais a respeito do uso de
medicamentos para a COVID-19. Várias destas divulgações que circulam nas mídias sociais são
inadequadas, sem evidência científica e desinformam o público. Desta maneira, a Sociedade
Brasileira de Infectologia (SBI) vem a público fazer esclarecimentos sobre os diferentes
tratamentos farmacológicos já avaliados até a presente data ou em pesquisa clínica, citando as
principais referências bibliográficas e atualizando os diversos informes já publicados ao longo
desta pandemia.
1. Cloroquina/hidroxicloroquina:
• Até o momento, os principais estudos clínicos, que são os randomizados com
grupo controle, não demonstraram benefício do uso da cloroquina, nem da
hidroxicloroquina no tratamento de pacientes hospitalizados com COVID-19
grave. Efeitos colaterais foram relatados. Seu uso em profilaxia pós-exposição,
até o momento, também não demonstrou benefício.
• Seu uso no tratamento da COVID-19 nos primeiros dias de doença, em casos de
COVID-19 leve e moderada, está sendo avaliado e se aguardam os resultados.
• A Organização Mundial da Saúde (OMS), a FDA (agência reguladora de
medicamentos dos EUA), a Sociedade Americana de Infectologia (IDSA) e o
Instituto Nacional de Saúde Norte-Americano (NIH) recentemente recomendaram
que não seja usado cloroquina, nem hidroxicloroquina para pacientes com
COVID-19, exceto em pesquisas clínicas, devido à falta de benefício comprovado
e potencial de toxicidade. A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) também
segue e recomenda tais decisões.
• De acordo com um relatório preliminar, cuja publicação é aguardada para os
próximos dias, de um grande estudo randomizado com grupo controle (Estudo
RECOVERY), coordenado pela Universidade de Oxford na Inglaterra, que avalia
várias terapias em potencial para o COVID-19, a hidroxicloroquina não teve
benefício para pacientes hospitalizados.
2
• A associação da hidroxicloroquina com o antibiótico azitromicina foi descrita em
estudos observacionais e não trouxe benefícios clínicos. Além disso, os dois
medicamentos estão associados ao prolongamento do intervalo QTc no
eletrocardiograma, que predispõe à arritmia cardíaca. O uso combinado pode
potencializar esse efeito adverso, com eventual desfecho clínico fatal,
especialmente em pacientes com doenças cardíacas, uma vez que a própria
infecção pela COVID-19 pode causar dano ao órgão. Também se deve levar em
consideração que antibióticos não têm indicação em infecções virais; seu uso
indiscriminado e inadequado favorece a resistência bacteriana. O potencial
benefício clínico do efeito “antiinflamatório ou imunomodulador¨ da azitromicina
em pacientes com COVID-19 ainda está por ser comprovado.
Pelas redes sociais, o governador do Maranhão, Flávio Dino, criticou a atitude de Bolsonaro, que vai contra aquilo que a ciência estuda e prega.


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