domingo, 13 de dezembro de 2020

Vacina para todos, por Carlos Lula

 


Caminhamos para o fim de um ano duríssimo em todos os aspectos de nossas vidas. Desafios pessoais e profissionais se impuseram e ainda se impõem no cotidiano de todos os trabalhadores brasileiros, mas em especial a todos aqueles que fazem o SUS acontecer diariamente. A batalha travada até aqui é por si só gigantesca, mas ela não se encerrará enquanto não houver uma imunização da população através de uma vacina segura e distribuída a todos os cantos do país.

Acredito que este seja o principal debate a ser feito no momento, que aflige as famílias brasileiras, algumas delas em luto, algumas delas vivendo as consequências da crise econômica que se instalou com a pandemia. “Quando seremos vacinados?” Não existem respostas fáceis, mas há caminhos possíveis.

Em primeiro lugar é garantir que o diálogo institucional seja respeitado em todas as instâncias. Nossos esforços, à frente da presidência do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), têm sido de discutir do ponto de vista técnico a viabilidade e a logística do plano de imunização. Tenho dito aqui em outras ocasiões que esta pandemia, e o ano de 2020 em particular, já deram provas suficientes de que o trabalho desarticulado entre os entes da federação coloca prejuízos incalculáveis em todo o processo de enfrentamento ao vírus, atrasa o cumprimento de metas, põe em xeque a credibilidade depositada nas lideranças nacionais que são ou deveriam ser exemplos para lidar com toda a crise sanitária.

Em segundo lugar não partimos de um ponto qualquer. Já existe, desde a década de 1970, um Plano Nacional de Imunização, que tem sido aperfeiçoado a cada ano e que, embora não utilizemos a mesma estratégia das campanhas anteriores, detemos expertise técnica qualificada e falo com tranquilidade porque conheço de perto a capacidade do corpo burocrático de imunização do SUS. Em Brasília, no Maranhão e nas diversas cidades do território maranhense. A mobilização e a energia que cada profissional entrega é impressionante. Agora imaginem o brilho dos olhos dos nossos vacinadores nesta honrosa missão. Minha equipe toda trabalha pensando nesse horizonte: na satisfação dos brasileiros que serão vacinados e nos que vacinarão.

Contudo, este resultado não depende de mágica ou piscar de olhos. Pelo contrário, ele é construído todos os dias, em reuniões de planejamento, em conhecimento técnico, e, sobretudo, em compromisso irremediável com o bem-estar dos brasileiros, indistintamente de ideologia partidária ou crença política. Precisamos a todo custo avançar em questões importantes para a sociedade nacional e a nossa contribuição como operadores da política pública de saúde é esta: dar o exemplo de que divergências de pensamento não atravessam nossos objetivos.

Em nota conjunta, tanto o CONASS como o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) reiteraram a coordenação efetiva e direta do Ministério da Saúde na articulação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), ou seja, em uma sinalização explícita de que nenhum protagonismo exacerbado é suficiente para conter o desafio que se apresenta.

Unificar cronogramas, agendas, modalidades, estratégias de alcance e estratificação de grupos de risco fazem parte de uma logística, como disse há pouco, complexa e bem detalhista. Fugir desta programação é um erro que em hipótese alguma podemos cometer.

A incorporação no tempo oportuno, o mais rápido possível, das vacinas comprovadamente seguras e eficazes contra o coronavírus e a ampla vacinação, no menor tempo, de todos os usuários do SUS. É um lema simples e, ao mesmo tempo, muito objetivo, que oferece a magnitude da missão que temos para os próximos meses. Com sobriedade e trabalho diuturno acredito que sejamos capazes, a despeito de todos os tropeços pelo caminho, de obter resultados satisfatórios, mostrando mais uma vez que o Sistema Único de Saúde é o maior patrimônio dos brasileiros em termos de políticas públicas.

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