segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Com ciência , por Carlos Lula


Um passo de cada vez, mas sempre em frente. Há muito escrevo sobre descobertas importantes para o desenvolvimento de novos medicamentos, vacinas, meios de comunicação. Os avanços de hoje são fruto de estudos sérios, interesse em pesquisa e inovação, cujo caminho precisa se manter em constante e consciente avanço.

No Brasil, a pesquisa científica quase sempre está restrita às universidades, com seus recursos cada vez mais defasados e com investimentos precários, bem como alguns renomados Institutos e Fundações públicos e privados, poucos para o tamanho do país.

Ainda assim, mesmo que você coloque numa mesa uma infinidade de artigos científicos publicados, de descobertas em pouco mais de um século, estamos bem distantes das mais relevantes instituições de pesquisa. A produção destes estudos está, em geral, concentrada na Europa, Ásia e nos Estados Unidos, com raras exceções como Israel, país com menos de 100 anos de existência.

O tímido investimento do Brasil em pesquisa nos coloca secundários do mundo. Isto é, somos os segundos a saber de tudo. E, diante de uma pandemia, é um verdadeiro atraso para decisões que necessitam ser tomadas com maior urgência para evitar catástrofes, como já vimos tão de perto.

Quando lemos sobre pesquisas de intervalo das vacinas, nos alimentamos de estudos do Reino Unido, Alemanha, Espanha, Canadá. Ao discutir sobre a necessidade de uso de máscaras, nos aprofundamos no conhecimento adquirido por Israel e França, por exemplo. Contudo, não faltam no Brasil pesquisadores, falta estímulo aos profissionais brasileiros. Seja financeiro, seja tecnológico.

Quantos estudos produzimos no Brasil apenas em razão da Covid-19? Quantos vieram ao nosso conhecimento? Quais destes contribuíram com a forma como enfrentamos a doença, a pós-Covid, a vacinação?

Aparentemente, o Brasil continua esperando as novidades de estudos estrangeiros para replicar no país. Isso desestimula pesquisadores e retarda nossas respostas a epidemias. Então, se algo pode ser feito para mudar essa falta de perspectiva agora, façamos.

Durante esta semana, no Maranhão, definimos novas ações para a instituir o Hospital de Doenças Infectoparasitárias, essencial à pesquisa, tratamento e investigação de agravos epidemiológicos relacionados à parasitologia. 

Você poderia perguntar “e a Covid? E a pandemia?” As pesquisas não devem seguir todas para o mesmo rumo, mas precisam continuar acontecendo. Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Butantan e Universidades seguem com suas pesquisas em diversas áreas, inclusive a Covid-19, cabe aqui não negligenciar um estudo tão importante para realidade epidemiológica do nosso estado, que enfrenta dilemas próprios antes mesmo do novo coronavírus.

É um começo, é um ponto de partida. Nosso objetivo é, em um futuro não distante, nos tornar referência e estimular mais investimentos para pesquisadores e cientistas em todo o país. Precisamos inverter essa política de segunda classe dada à ciência no Brasil.

Só quem tem pouca memória poderia esquecer grandes contribuições científicas de brasileiros como Vital Brasil, criador do soro antiofídico; Adolfo Lutz, identificou o mosquito Aedes aegypti transmissor da febre amarela; Carlos Chagas, descobriu o protozoário da famosa doença de Chagas; ou Oswaldo Cruz, responsável por erradicar febre amarela, peste bubônica e varíola do país.

Valorizemos os projetos de pesquisa, tecnologia e inovação do Brasil. E que possamos no futuro ter o Maranhão enquanto um polo desenvolvedor de ciência e inovação.

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