Hábitos podem nos tornar pessoas menos preocupadas e até desligadas com cuidados próprios, e por esta razão, podem ser perigosos. Quando compramos uma casa nova, sem conhecer bem a vizinhança, a prática de checar se todas as portas estão trancadas antes de sair de casa ou antes de dormir faz parte da rotina. Com o tempo, esquecer porta ou janela aberta acaba por ser algo comum. Baixamos a guarda. Trocamos nossos hábitos de segurança pessoal, por uma rotina mais relaxada, acreditamos que a nossa volta nada muda e a nossa rotina parece segura. Isto acontece porque já confiamos que todo o ambiente a nossa volta é seguro o suficiente e podemos “relaxar”.
Quando tratamos de saúde não é muito diferente. No calendário anual, campanhas de prevenção são bem conhecidas e mobilizam a sociedade para ações de cuidado, prevenção e, consequente, aumento na procura por serviço especializado. No momento, o “Outubro Rosa” mobiliza, principalmente, mulheres de 40 a 69 anos para o check-up de rotina. Por que fazer isto? Para que nenhum de nós seja pego de surpresa.
Câncer de mama pode ser assintomático, aí mora o perigo. Em geral, os testemunhos de diagnóstico precoce são relacionados com o toque durante o banho e/ou ao ter sua atenção atraída pela nova Campanha de Outubro Rosa.
Sem dores, sem sinais ou sintomas visíveis, o cuidado com este tipo de câncer tende a acontecer apenas durante este mês. Os serviços de mamografia registram um aumento de mais de 100% da procura em outubro e uma queda de 50% da demanda nos demais meses do ano.
O comportamento social em buscar consulta especializada somente neste mês faz com que a maioria dos diagnósticos de câncer aconteçam todos no mesmo período, no Outubro Rosa. Durante o ano passado, por exemplo, até o final de setembro, apenas 137 casos haviam sido notificados. Após o encerramento do ano e de todas as consultas e exames que se estenderam até dezembro, os casos totalizaram 1.221 no estado. Um aumento de mais de 800% dos casos.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa é de 840 novos casos de câncer de mama para o Maranhão somente em 2021. Até o momento, 478 pessoas foram diagnosticadas com a doença. Considerando que muitas mulheres e homens evitam os serviços de saúde em razão da Covid-19, desde o início da pandemia há 20 meses, o número real deve ser maior que o estimado.
Eu trago estes dados porque nos últimos anos investimos de maneira intensa na distribuição de médicos especialistas e aparelhos de mamografia em nossas unidades de saúde pelo Maranhão, bem como ampliamos o serviço de oncologia para início imediato do tratamento dos pacientes. Nesta semana, vamos inaugurar um novo aparelho de mamografia no Hospital Macrorregional de Coroatá. Este investimento no Sistema Único de Saúde da rede estadual está à disposição da população o ano inteiro, não apenas no mês de conscientização.
A mudança de mentalidade da população também depende de ações mais arrojadas em âmbito local. As Secretarias Municipais de Saúde podem e devem orientar e sensibilizar sua comunidade para uma ação preventiva durante o ano todo. O câncer de mama se descoberto no início, com o nódulo ainda pequeno, permite uma chance de 95% de cura do paciente. O problema é que esperar até outubro pode reduzir significativamente a possibilidade.
Com o diagnóstico e o tratamento disponíveis, nosso apelo hoje é para que os maranhenses e as maranhenses adotem como hábito o cuidar da saúde o ano todo e influenciem familiares e amigos ao mesmo comportamento. “A prevenção dura o ano todo. O combate também”, este é o nosso tema.
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