quinta-feira, 2 de março de 2023

Petrobras tem lucro recorde de R$ 188,3 bi em 2022 e pagará R$ 215,7 bi em dividendos a acionistas


Petrobras fechou 2022 contabilizando recordes de lucros e dividendos, mas sob forte pressão de políticos ligados ao PT em função do pagamento bilionário a acionistas. A estatal vai distribuir uma cifra total recorde de R$ 215,7 bilhões, referente a 2022, mais do que o dobro do que foi pago em 2021. Para se ter dimensão dos valores envolvidos, com esse montante é possível bancar três vezes o orçamento atual do Bolsa Família. O valor dos dividendos supera o lucro da empresa.

A estatal anunciou nesta quarta-feira, 1º, um lucro histórico de R$ 188,3 bilhões, sendo 76,6% superior ao apurado no ano anterior. O desempenho foi puxado pelos altos preços do petróleo e derivados no mercado internacional como desdobramento da guerra na Ucrânia.

No caso dos dividendos, o cenário futuro, porém, deve ser de valores mais modestos. O quarto trimestre de 2022 pode ser o último com pagamentos tão elevados durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na reunião desta quarta-feira, 1º, segundo fontes, o conselho de administração concordou em não frustrar expectativas do mercado financeiro criadas pela administração anterior. Ficou acertado um desembolso de R$ 35,7 bilhões em dividendos referentes ao quarto trimestre, sendo que R$ 6,5 bilhões desse total formará uma reserva estatutária que poderá ser usada para investimentos, caso a medida seja aprovada na próxima assembleia de acionistas, prevista para 27 de abril.

Como a União é acionista majoritária da estatal, essa aprovação não seria difícil. Na prática, segundo fontes, o conselho de administração deu um tempo para que a atual direção, sob o comando do presidente Jean Paul Prates, encontre bons investimentos que justifiquem a retenção desses valores em caixa.

A Petrobras vai distribuir R$ 2,74573369 por ação preferencial e ordinária na forma de dividendos relativos ao quarto trimestre de 2022. Como a companhia tem pouco mais de 13,044 bilhões de ações, esse valor perfaz, aproximadamente, os R$ 35,7 bilhões a serem desembolsados a acionistas no trimestre.

Apesar de criticada, a forte distribuição de dividendos tem como principal beneficiado o próprio governo. Com uma fatia de 36,6% no capital da petroleira, o governo vai receber R$ 78,9 bilhões em dividendos referentes ao desempenho da estatal em todo o ano passado.

Festejados pelo mercado, os resultados robustos têm sido duramente criticados pelo governo federal. Os ataques já aconteciam ao longo do governo Jair Bolsonaro (PL) e, agora, se repetem na boca de integrantes do grupo político do presidente Lula.

Maior crítica da Petrobras dentro do PT, a presidente da legenda, Gleisi Hoffman, definiu os dividendos como “indecentes” em postagem nas redes sociais na terça-feira, 28. “Agora é (hora de) rever a indecente distribuição de dividendos da empresa para ela voltar a investir e fazer o Brasil crescer”, escreveu.


Fonte: Estadão

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