Feirantes correm risco de perder local onde trabalham
há 30 anos; suposto proprietário alega que adquiriu o terreno em 2006
Nesta
terça-feira,
21 de maio, na Assembleia Legislativa do Maranhão, feirantes
compareceram à audiência pública que buscou uma solução para a questão
da propriedade da Feira do Vinhais, que funciona há cerca de 30 anos no
local.
Tudo
começou quando,
este ano, os feirantes receberam a notícia de que o terreno de 196
metros quadrados teria um outro proprietário. Os problemas ficaram
piores quando este suposto proprietário instalou contêineres no terreno,
chegando a impedir a realização da feira.
“Um
dia a comunidade
acordou com contêineres no local, num total desrespeito aos feirantes.
Mas há documentos de propriedade datados dos anos 1980 que comprovam que
a área foi vendida para a comunidade”, informou Flávio Dourado,
presidente da associação dos moradores do Vinhais.
Robson
Martins Ferreira,
gerente das feiras livres de São Luís, acrescenta que possui
comprovações que o espaço da feira se trata de área verde. “Ou seja, não
pode ter empreendimentos, edificações, no local. Os feirantes e a
própria comunidade apoiam que a feira permaneça ali”, afirma
Ferreira. “Esta audiência é de grande valia porque mostra para todos a
realidade de mais de mil pais e mães de família que hoje dependem da
feira”, completa.
Organizador
da audiência,
o deputado estadual Duarte Jr disse que o objetivo é assegurar a
continuidade da feira, que gera emprego e renda e tem todo um valor
histórico e social para São Luís, por meio de uma medida que beneficie a
todos, bem como entender o problema da questão documental
do espaço, que tem gerado insegurança jurídica aos feirantes e toda a
comunidade. “Todas as informações coletadas serão enviadas para o
judiciário com o intuito de auxiliar nessa decisão”, pontuou.
Um
dos mais antigos
feirantes do Vinhais e um dos autores de uma ação civil pública contra a
Prefeitura, Airton Diniz informou que a área da feira é de propriedade
da comunidade e que, por isso, o executivo municipal não poderia vender o
local.
Maikell
Oliveira, advogado
do suposto proprietário, alega que o terreno da feira foi adquirido no
ano de 2006, já que, segundo ele, a área não é institucional, mas sim um
terreno da prefeitura. “Há documentos públicos que comprovam a
legalidade da propriedade e da negociação", afirma
o advogado.
Para
o vereador Marcial
Lima, integrante do grupo de vereadores que ingressaram com ação
popular a favor dos feirantes, a questão deve se resolver de maneira
positiva para a comunidade. “Num momento de desemprego, uma feira que
gera emprego e renda não pode sair daquele terreno.
É uma área institucional que foi vendida à revelia da comunidade, mas
isso não vai ficar assim”, assegurou Lima. Já para o vereador Ricardo
Diniz, as feiras de São Luís precisam de um plano de valorização. “As
feiras têm um grande potencial gerador de renda
e ainda não valorizamos essa questão a sério”, diz Diniz.
Diante
dos argumentos
e documentos dos feirantes e do suposto proprietário, Douglas Martins,
juiz da vara de interesses difusos e coletivos, informa que uma solução
definitiva para o processo pode levar até 10 anos. “Há várias saídas
para esse caso. Mas não tem jeito, irei julgar
com base em coerência e no cumprimento da lei. Se for área verde, o
poder público pode sim manter a feira no local, bem como plantar árvores
e outras destinações com fins públicos e coletivos”, afirma Martins.
Duarte Jr adverte que
essas disputas de propriedade prejudicam a todos, feirantes e cidadãos.
“Temos que combater essa comercialização dos terrenos públicos da
cidade. Tem que haver união entre os vereadores e os deputados para que
possamos servir à maior autoridade que temos, que é o povo”, finaliza.
Além de Duarte Jr,
compuseram a mesa de audiência Douglas Martins, juiz da vara de
interesses difusos e coletivos; Cristiane Guedelha, assessora especial
da Secretaria de Estado de Meio Ambiente; Robson Martins,
gerente das feiras livres de São Luís, Flávio Antônio Dourado,
presidente da associação dos moradores do Vinhais; os vereadores César
Bombeiro, Ricardo Diniz e Marcial Lima.
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