terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Outro olhar para o autismo, por Carlos Lula


Andrew Huan, Fábio Henrique, Luís Otávio e Emanuel passaram pela multidão presente, subiram ao palco e cantaram ao som do violão uma canção popular infantil. Eles se divertiram. A cena emocionou e entreteve a todos como é comum quando crianças se apresentam. A performance especial foi de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo e aconteceu durante a entrega da expansão do serviço especializado para pessoas com TEA, que funciona em um anexo do CER Olho d’Água.

Os meninos estavam acompanhados pela equipe multidisciplinar do serviço e mostraram naquele momento a importância de serviços como aquele, pois antes de começar o tratamento não conseguiriam tamanha interação com um público tão grande. As atividades realizadas com as crianças são parte importante da metodologia ofertada no serviço.

Se há algo que a minha experiência à frente da gestão da Secretaria de Estado da Saúde (SES) mostrou é que não existe uma receita óbvia para promoção da saúde e qualidade de vida para pessoas com autismo. Por muito tempo, quem tinha uma criança com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) no Maranhão conviveu com o vazio assistencial.

Em 2017 e 2019, adotamos, respectivamente, duas medidas de assistência em saúde para os autistas: implantação e expansão do serviço especializado para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo. O objetivo é continuar prestando o atendimento adequado às famílias. Nós registramos dois anos com resultados significativos e o serviço proporcionou progressos expressivos nos pacientes. Agora teremos condições de sair de 1200 para 6 mil atendimentos por mês com a expansão do serviço especializado para pessoas com TEA. 

A concentração do atendimento no serviço melhora a qualidade de vida das crianças de até 12 anos. Por isso, o serviço vem mudando a vida de filhos e pais. A nova estrutura permite agregar novos elementos à terapia. Por exemplo, nos espaços da cozinha e do quarto montado, os profissionais atuarão no desenvolvimento de habilidades das crianças em um contexto funcional, de forma prática, integrada e lúdica.

Nossos especialistas alertam que quanto antes a criança fizer a intervenção, a adaptação da mesma será melhor.  Assim, com mais espaço, o setor ABA possui sete cabines de atendimento individual e sala de grupo terapêutico ABA. O setor de oficinas terapêuticas incorpora atividades como jardinagem, arteterapia, musicoterapia e atividade física.

Na inauguração do serviço, o governador Flávio Dino disse que “O Centro de Reabilitação é um grande sucesso. Com essa ampliação nós vamos dobrar a capacidade de atendimentos, com muito mais procedimentos, que serão multiplicados por quatro. Estamos aqui realizando um objetivo dos profissionais da área e das famílias, que o nosso governo acolhe com muita determinação, porque sabemos que é um trabalho fundamental para que haja um atendimento desse público que é tão importante para a sociedade”. Ano após ano, estamos imbuídos do mesmo propósito.

A expansão do serviço especializado para pessoas com TEA tem nos permitido quebrar um enorme muro de preconceito e discriminação. Que essa barreira se torne menor a cada dia.

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