Reeleita presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) afirma, em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada
nesta segunda-feira (27), que o partido trabalha com uma nova
candidatura presidencial do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
Segundo Gleisi, os petistas também veem o governador do Maranhão, Flávio
Dino (PCdoB), como uma alternativa para a sucessão de Jair Bolsonaro em
2022.
Em 2018, Haddad foi ao segundo turno da eleição presidencial, com 47 milhões de votos. Além disso, o PT elegeu a maior bancada
de deputados federais, quatro senadores e quatro governadores. Para
2022, Gleisi já menciona outras possibilidades, se o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva continuar legalmente impedido de se candidatar – em
função do seu enquadramento na Lei da Ficha Limpa.
“Haddad é o nosso nome forte, mas vamos discutir com os partidos de
oposição”, afirma. Segundo ela, o governador do Maranhão pode ser vice
na chapa petista, ou até encabeçar a chapa. Gleisi afirma que Lula não
convidou Flávio Dino para se filiar ao PT, ressalvando que o PCdoB é
“nosso amigo e aliado”.
Conforme O Globo, no entanto, o convite para Dino sair do
PCdoB e voltar ao PT partiu do próprio ex-presidente. “Numa conversa
recente, em São Paulo, Lula começou com um ‘volta para casa’, na
tentativa de atraí-lo para o PT, o primeiro partido do governador do
Maranhão. Não só. Prometeu que faria de tudo para Dino ser o candidato
do PT à presidência em 2022. Não convenceu”, informa a coluna de Lauro
Jardim, publicada no Globo.
O governador reeleito do Maranhão tem sobressaído por sua
movimentação em busca de uma frente ampla contra o autoritarismo e em
defesa da democracia. Primeiro, Dino visitou o ex-presidente José
Sarney, seu adversário histórico. Em dezembro, encontrou-se com o
apresentador de TV Luciano Huck. Na última semana, reuniu-se com Lula e
também com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
“Dino é uma liderança que está se colocando no cenário nacional, é
preparado e está fazendo um movimento legítimo”, disse Gleisi. “Ele pode
ser uma alternativa, nós o respeitamos muito, ele sempre foi muito leal
à causa do presidente Lula”, completou.
Para ela, Bolsonaro é o mais forte em seu campo. “Não vejo
na direita ninguém, pelo menos por enquanto, com capacidade de
substituí-lo”. Questionada sobre o potencial de Huck, a petista diz não
ver nenhuma proposta concreta dele para o povo brasileiro. “O Bolsonaro
tem mensagem popular. Huck vai dizer o quê? ‘Sou de centro’?”
Gleisi tem sido cobrada por ações mais assertivas de que o PT era
capaz quando fazia oposição a FHC. Para a dirigente, o problema é que os
partidos de esquerda enfrentam uma “hegemonia de opinião”, já que a
grande mídia é amplamente favorável à política econômica de Bolsonaro.
“Não existe opinião contrária. Todo mundo está positivando a economia”,
critica.
Gleisi nega que Lula tenha submergido após os primeiros discursos, em
tom incisivo, quando foi libertado em novembro. Segundo ela, o
ex-presidente já deu uma série de entrevistas e participou de atos
públicos no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
O PT tem 256 prefeitos e 2.808 vereadores. Para ampliar esse número, o
partido instala no próximo dia 7 o grupo de trabalho eleitoral (GTE),
que será coordenado pelo deputado José Guimarães (CE) e terá os reforços
de Haddad e do senador Jaques Wagner (BA). O partido terá candidatos
próprios em quase todas as capitais e nas grandes cidades.
Com informações do Valor Econômico e do O Globo
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