terça-feira, 15 de junho de 2021

Pesquisa: 4 em cada 10 jovens pensaram em parar de estudar na pandemia

Segunda onda da pesquisa "Juventudes e a Pandemia do Coronavírus (Covid-19)" ouviu 68 mil jovens de 15 a 29 anos de todo o Brasil

Foto Reprodução


A pandemia de Covid-19 ameaça a escolaridade de jovens brasileiros. Entre os estudantes matriculados na escola ou universidade que responderam à segunda edição da pesquisa "Juventudes e a Pandemia do Coronavírus (Covid-19)", 43% disseram que já pensaram em parar de estudar desde que suas rotinas foram alteradas pelo coronavírus. Na primeira onda da mesma consulta, realizada em junho de 2020, esse número era de 28%. O estudo indica ainda que 6% dos jovens trancaram a matrícula. Destes, 56% o fizeram durante a pandemia.

A pesquisa promovida pelo Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), em parceria com Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Mapa Educação, Porvir, Rede Conhecimento Social, Unesco e Visão Mundial, ouviu 68 mil jovens de todo o Brasil, com idade de 15 a 29 anos, entre os dias 22 de março e 16 de abril.

Os principais motivos que levam jovens a interromper os estudos são financeiros (21%) e dificuldades com ensino remoto (14%). Para voltar, gostariam de ter estabilidade sanitária e melhores condições econômicas. Quase metade dos jovens que interromperam os estudos (47%) disseram que retornariam às aulas se toda a população fosse vacinada, e 36% querem garantia de renda básica ou auxílio emergencial.

Esses são alguns dos dados presentes no relatório da "Juventudes e a Pandemia do Coronavírus (Covid-19)", captados por meio de um questionário online com 77 perguntas divididas em cinco blocos temáticos: perfil sociodemográfico; saúde; educação; trabalho e renda; e vida pública. Os jovens participantes foram convidados a responder as questões pelo CONJUVE e pelas instituições parceiras desta iniciativa e outras organizações da sociedade civil, coletivos juvenis, secretarias e conselhos estaduais e municipais de juventudes, educação e assistência social. Durante a coleta de dados, foi realizado um monitoramento com o objetivo de garantir a diversidade entre os respondentes. Posteriormente, também foi feita uma ponderação nos dados para manter a coerência da amostra com a distribuição de jovens de 15 a 29 anos em todos os Estados brasileiros, tendo como referência a Pnad Contínua 2020 (IBGE).

Múltiplos desafios
Os desafios dos jovens durante a pandemia não se limitam à sua relação com educação, mas estão interligados em todas as áreas pesquisadas. A preocupação financeira é confirmada quando eles são consultados sobre renda. Com a extinção do auxílio emergencial, aumentou para 38% a proporção de jovens que buscou complementar sua renda por necessidade em 2021 ante 23% em 2020. Entre os jovens pretos esse índice é maior: 47%.

Quem conseguiu ter esse complemento recorreu à informalidade. Entre os 4 a cada 10 que tiveram uma renda, dois fizeram trabalhos pontuais sem carteira assinada e um trabalhou por conta própria ou abriu um negócio. Para lidar com os efeitos da pandemia no trabalho, no entanto, eles querem apoios para o mercado formal. 25% acreditam que a ação prioritária para instituições públicas e privadas ajudarem jovens é estimular o surgimento de novos trabalhos, 20% querem políticas de renda emergencial para famílias vulneráveis e 20% querem ampliação dos empregos formais.

Saúde física e mental preocupam
Outro apoio importante que os jovens desejam é para lidar com a sua saúde mental. Seis a cada 10 dos jovens consultados relataram ter sentido ansiedade e feito uso exagerado de redes sociais durante a pandemia, enquanto cinco em cada 10 disseram que sentiram exaustão ou cansaço; e 4 a cada 10 tiveram insônia ou distúrbios de peso. Já um em cada 10 admitiram que chegaram a ter pensamentos suicidas ou de automutilação. Diante desses sentimentos, metade dos jovens considera prioritário garantir atendimento psicológico na saúde pública e 37% acham que esse atendimento deveria acontecer nas escolas.

Entre as medidas de autocuidado mais adotadas pelas juventudes durante a pandemia estão as atividades físicas (51%) e consultas médicas de rotina (31%). Mesmo assim, muitos não conseguiram adotar esses cuidados: cinco a cada 10 que não têm se exercitado, sete a cada 10 não foram a médicos ou odontologistas e nove a cada 10 informaram não ter iniciado psicoterapia. "Não consigo pagar ou custear, mas preciso de um atendimento psicológico!", essa é uma afirmação de uma jovem que participou de oficina de Perguntação, metodologia de construção coletiva que foi usada para realizar o levantamento. Na segunda onda da "Juventudes e a Pandemia do Coronavírus (Covid-19)", 10 jovens de diferentes realidades, que já contribuíram com a 1ª edição da iniciativa, participaram de encontros online para apoiar todas as etapas da pesquisa.

Para se prevenir do coronavírus, 82% querem tomar a vacina. A possibilidade de imunizar a maior parte da população, inclusive, é vista por 92% dos jovens que participaram da pesquisa como uma maneira de trazer otimismo para as juventudes brasileiras, enquanto 87% acreditam que é preciso implantar políticas para conter sobrecarga no sistema de saúde e 84% defendem que um protocolo para lidar com futuras crises sanitárias é um caminho de garantir boas perspectivas. O mesmo percentual acha necessário a criação de políticas para amenizar efeitos da pandemia na educação.



Nenhum comentário:

Postar um comentário