sexta-feira, 30 de maio de 2025

Doce Pedaço: o sabor da superação com o apoio do SEBRAE

Em 2012, Ana Luzia Frazão Alhadeff decidiu seguir um novo rumo em sua vida. Até então, ela fazia biscoitos sem lactose apenas para atender à necessidade da filha Sofia, diagnosticada com intolerância à lactose. O que começou como uma solução caseira para os lanches da escola da sua pequena amada acabou se transformando em uma empresa de sucesso. Nascia ali a semente da Doce Pedaço – Biscoitos Finos, hoje uma marca reconhecida dentro e fora do Brasil. 

O ponto de virada aconteceu quando, ao preparar biscoitos para uma festa escolar, um dos produtos chegou às mãos de uma pessoa da empresa Rosa Rio. Dali surgiu a primeira encomenda, e com ela, a ideia de empreender de maneira profissional. Três anos depois, em 2015, Ana Luzia formalizou o negócio e buscou apoio para crescer com segurança. Foi quando encontrou no SEBRAE um parceiro estratégico para a sua trajetória empreendedora. 

Desde o início, o SEBRAE teve papel fundamental na estruturação da empresa. Ana participou de cursos e consultorias em áreas como vendas, logística, produção e planejamento. Com a ajuda da instituição, desenvolveu um plano de negócios detalhado que traçava os passos necessários para alcançar o grande varejo — um objetivo que não demorou a se concretizar. 

“A partir da colaboração do SEBRAE os negócios em minha vida deram uma reviravolta. Eu tinha uma ideia e hoje aperfeiçoei os meus negócios. Com as consultorias aprendi mais a desenvolver o meu trabalho, conquistar clientes e aumentar a renda. O SEBRAE, na trajetória de qualquer empreendedor, seja ele começando ou já com experiência, é fundamental”, afirma Ana Luzia. 

Foi com essa base sólida que, em uma feira de negócios promovida pela AMASP, Ana conquistou espaço nas redes Maciel e Carone. No mesmo ano, avançou ainda mais ao participar de uma rodada de negócios promovida pela SEINC, que abriu as portas para a entrada no Supermercado Mateus — um marco em sua trajetória. 

Em 2022, mais uma conquista: a chegada à rede Assaí. Com foco e preparo, Ana já havia investido em melhorias na produção e em maquinário, além de pensar estrategicamente nas embalagens para atender às exigências do varejo. A empresa, que começou na casa da mãe, no bairro do Anil, ganhou nova sede no Turu, em São Luís. 

E os sonhos de Ana foram ainda mais longe. Também em 2022, a Doce Pedaço começou a se posicionar no comércio exterior. Participou de eventos internacionais no Paraguai e Chile, e iniciou as vendas para o México, com apoio de uma empresa exportadora. Para isso, Ana passou por programas de capacitação como o Peiex, da Fapema, preparando sua estrutura empresarial para o mercado global. Mais do que uma empreendedora de sucesso, Ana Luzia é uma mulher engajada. Usa sua voz em defesa de causas sociais, especialmente no enfrentamento à violência contra a mulher. Seu trabalho foi reconhecido pelo Tribunal de Justiça do Maranhão pelo impacto social da sua atuação. Hoje, são mais de 10 anos de uma trajetória marcada por resiliência, visão e parcerias certas — como a parceria com o SEBRAE, que esteve presente desde os primeiros passos da Doce Pedaço até sua expansão internacional. Uma história que inspira e mostra o quanto o empreendedorismo pode transformar vidas.

Segundo dados de novembro de 2024 da Receita Federal, o Maranhão possui 291.969 empresas ativas, das quais 127.705 são MEIs, 127.109 são MEs e  22.490 são EPPs, representando 94,78% das MPEs no estado. Os empresários homens correspondem a 165.080 (57,8%), enquanto as mulheres somam 117.473 (41,2%), com maior concentração nas faixas etárias de 35 a 39 anos (18.573 mulheres) e 30 a 34 anos (16.993 mulheres).

“Fortalecer o empreendedorismo feminino e a mulher líder de negócios é uma questão estratégica para o Sebrae e para o nosso estado. Elas, que hoje comandam 41,2% dos empreendimentos do estado, precisam de ações e políticas com um olhar para questões básicas, como a maternidade. Precisamos observar dois aspectos. Primeiro, a mulher que decide sair daquela zona de conforto de ser só mãe, para empreender, ela pode associar as duas coisas: ser empreendedora, mãe, dona de casa e ter seu espaço no mercado, comandando seus negócios. Segundo, que a valorização como empreendedora, acaba trazendo valorização para dentro de casa, exemplo para família e também para outras mães. Empreender nunca vai significar abdicar de construir uma família e vice-versa, mas sim fortalecer o papel da mulher cada vez mais e quebrar alguns paradigmas em relação a um certo olhar de machismo, que predomina na sociedade. E nós, no Sebrae, temos nos dedicado a criar soluções e caminhos de apoio para as mulheres, para as empreendedoras que são mães ou não, em toda a sua jornada, buscando compreender suas necessidades para que esse apoio seja cada vez mais eficiente”, reforçou a Diretora de Administração e Finanças do Sebrae no Maranhão, Edila Neves. 

Na distribuição por setores, as mulheres são mais frequentes no Comércio, com 60.508 empresas (48,03%), seguido pelos Serviços, com 53.687 empresas (42,62%) e pela Indústria, com 7.706 empresas (6,12%), destacando-se como os setores com maior número de sócios no estado.

Entre os segmentos econômicos com maior participação de sócias mulheres, o destaque é para o Saúde e Bem-Estar, que representa 18,4% das empresas ativas com sócias mulheres, evidenciando o protagonismo feminino em áreas relacionadas ao cuidado e à qualidade de vida. Outros segmentos de destaque incluem Moda e Confecção (14,3%) e Supermercados, Hipermercados e Atacadistas de Alimentos, Bebidas e Fumo (10,7%).

Em termos de atendimentos presenciais realizados pelo Sebrae MA para pessoas jurídicas, as mulheres foram maioria, representando 51% dos atendimentos no período de janeiro de 2024 a 13 de novembro.

"Como instituição de apoio aos pequenos negócios, temos muita honra e orgulho de oferecer à mulher empreendedora do nosso estado, toda a colaboração necessária, para que seus negócios cresçam e tragam mais dinamismo para a economia do Maranhão, mas também nos orgulhamos de vê-las valorizadas e por estar presentes, gerando transformações para tantas mulheres e suas comunidades", prossegue Edila Neves.

Grande parte das empreendedoras do Brasil (67%) têm filhos, segundo o estudo “Empreendedorismo Feminino”, elaborado pelo Sebrae. A necessidade de cuidar da prole influenciou mais a decisão de abrir o negócio entre as mulheres do que entre os homens que empreendem. Enquanto 68% delas disseram que a dedicação aos filhos “influenciou muito”, entre os homens esse índice foi de 56%. Outros 34% dos empresários apontaram que “não influenciou nada”.

A sobrecarga de tarefas e a dificuldade em conciliar o tempo dedicado ao negócio e os cuidados com os filhos continuam sendo desafios enfrentados pelas mulheres. O estudo do Sebrae, que foi publicado em novembro passado, contabilizou a quantidade de horas destinadas a mais pelas mulheres que empreendem nos cuidados com pessoas da família e nos afazeres domésticos. Elas dedicam 3,1 horas aos cuidados familiares e consomem 2,9 horas do seu dia nos afazeres domésticos, praticamente o dobro dos homens, que gastam 1,6h e 1,5h, respectivamente, com essas atividades.

Consequentemente, as mulheres empreendedoras acabam dedicando menos horas semanais ao empreendimento. A média fica em torno de 34 a 35 horas trabalhadas semanais, enquanto os homens que são empresários alcançam de 40 a 43 horas. Isso, no entanto, não implica que as mulheres são menos dedicadas aos seus empreendimentos, e sim que existe uma grande disparidade quando se analisa quem é encarregado do chamado “trabalho invisível”, aponta o Sebrae.

A desigualdade de gêneros fica clara em relação à sobrecarga com a jornada dupla: 76% das mulheres se sentiram mais sobrecarregadas e 61% já tiveram que deixar de fazer algo para si ou para a empresa para cuidar dos filhos, de idosos ou parentes. Esses resultados foram de 55% para os homens que se sentiram sobrecarregados e 48% para que os que afirmaram ter de sacrificar algo em favor dos filhos ou parentes.

Neste contexto, as mulheres têm cada vez mais ganhado espaço no mercado, como empreendedoras, donas dos seus próprios negócios, mostrando que com a força de vontade, aliada a capacitação, colaboração de empresas parceiras, como o Sebrae, é possível alçar voos gigantescos. Aquela máxima nunca se fez tão presente nos dias de hoje 'lugar de mulher é onde ela quiser', e veio pra ficar!

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