O sarampo voltou a ser uma ameaça em escala global. Enquanto fazemos planos para as próximas viagens de férias, aquela festa com mais de 200 convidados, compramos o ticket para eventos com grande aglomeração de pessoas – o vírus circula, se espalha.
Entre as vantagens (e desvantagem) do nosso mundo globalizado, pessoas podem transitar por vários países no mesmo dia. Assim como podem estar pela manhã em São Paulo e a noite dormir na própria cama, em São Luís. O sarampo, agora presente em mais de 180 países, tornou-se incontrolável. Quase incontrolável.
E, embora haja tanto esforço dos órgãos de segurança em saúde na luta contra o avanço do vírus, assusta-me o assunto não encontrar o mesmo engajamento e tornar-se o tema central na política doméstica. Fala-se em corrupção, disputa política e rumores de guerra com maior veemência e frequência do que sobre as doenças epidêmicas.
Definitivamente não aprendemos com nossos erros. Não aprendemos com as centenas de milhares de vidas perdidas para doenças evitáveis. Vergonhosamente, parece ser a sina desta geração ser vencida por doenças como Aids, Sífilis, e, agora, Sarampo.
Subestimamos a doença, desvalorizamos a proteção à saúde. O sarampo pode causar sequelas para toda vida ou provocar a morte. Até o momento não há medicamento para curar o vírus, por isso, apenas os sintomas são tratados, diminuindo o desconforto.
Talvez, também, tenhamos julgado que os casos estão suficientemente distantes, e, aqui, estamos protegidos. Acontece que o vírus se espalhou justamente em razão de casos importados. Visitantes estrangeiros vieram infectados ao Brasil, assim como brasileiros introduziram o vírus para outras partes.
Vale observar São Paulo, que registrou um aumento de 90% nos casos de sarampo, no top 10 do ranking latino-americano de destinos mais procurados por turistas. A cidade recebe visitantes, principalmente, da Argentina, Chile e Estados Unidos - países com casos da doença já confirmados.
De modo rápido, a Organização Mundial da Saúde observa o vírus se espalhar na África, Europa, Ásia e Américas. Segundo a entidade, estima-se que os mais de 350 mil casos notificados são apenas 10% dos casos existentes.
Segundo o Ministério da Saúde, o sarampo é tão contagioso que uma pessoa infectada pode transmitir para 90% das pessoas próximas que não estejam imunes. A transmissão pode ocorrer entre 4 dias antes e 4 dias após o aparecimento das manchas vermelhas pelo corpo. Os sintomas iniciais se assemelham a gripe, exceto pela conjuntivite e as pintas vermelhas que são o último estágio dos sinais da doença. A transmissão do vírus ocorre por via aérea: ao tossir, espirrar, falar ou respirar.
O vírus ainda circulará por muitos lugares, contudo a estratégia mais eficiente para bloquear o avanço do vírus continua sendo a vacinação. A partir dos 12 meses qualquer criança pode ser imunizada e os adultos, até 49 anos, também podem receber a dose. Tudo gratuito, no posto de saúde (Unidade Básica de Saúde), pelo SUS.
Três anos após ter recebido o Certificado de Eliminação do Sarampo, o Brasil perdeu o título concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde, em fevereiro. Atualmente, o Ministério da Saúde estuda emitir o decreto de emergência em saúde pública de importância nacional. Apontando para a expansão do vírus, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia estão com classificação de surto ativo, isto é, com crescimento de número de casos da doença.
As notícias não são boas. O assunto não nos dá uma trégua. Nos resta cuidarmos do Maranhão, nos bloquearmos à doença. A vacinação é a maneira mais eficaz para deter o avanço do sarampo.
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