O maior sistema gratuito e universal do mundo, o Sistema Único de Saúde, completa 30 anos. Críticas, denúncias e alguns elogios sempre nortearam os comentários sobre o Sistema. No Maranhão, em meio à crise financeira, a mudança de gestão estadual permitiu a expansão estratégica da rede de serviços, na contramão da maioria esmagadora dos estados da federação. A medida apontou para uma constatação que durante muito tempo foi dúvida de muitos: o SUS pode dar certo.
Desde 2015, o Governo do Estado interiorizou o atendimento de alta complexidade com a inauguração de seis novos hospitais. Onde estariam esses pacientes sem as novas unidades? Onde haveria atendimento? Onde fiariam a esperança de não perder a vida? O SUS tem salvado muitos.
Uma criança diagnosticada com catarata congênita, ainda bebê, emocionou os maranhenses nas redes sociais. Isadora Lima, agora com 4 anos, do município de São Bernardo, passou a enxergar esta semana, após procedimento cirúrgico.
Através do Sistema Único de Saúde, os pais conseguiram diagnosticar a doença, mas pensavam ter de arcar com uma despesa elevada para tratar o problema na rede privada. Entretanto, o SUS garantiu a cirurgia gratuita e a cura total da pequena Isadora.
Já ouviram falar em epidermólise bolhosa? A doença genética é raríssima. No Maranhão, mais de uma dezena de pessoas – a maioria crianças – são diagnosticadas com a doença. Os custos para o tratamento da doença são elevadíssimos, e os municípios não conseguiam fazê-lo. O Governo do estado hoje arca com esse investimento.
Assim, o tratamento atualmente disponibilizado pelo SUS garante qualidade de vida e aumenta a expectativa das pessoas acometidas por esta doença. A pequena Camile Vitória, de Zé Doca, que lançou o livro ‘O Saci que pensava que não tinha amigos’, é um exemplo. Para essa criança, assim como centenas de outras famílias, a esperança no sistema público de saúde é o único meio possível para viver.
Quem lê este artigo, mas aguarda ser chamado para uma cirurgia definitiva ou por um leito de hospital ou perdeu um ente querido porque a unidade ainda era longe demais para garantir o socorro de urgência, pode dizer o contrário do SUS. Progredimos muito, mas ainda não é suficiente, e por reconhecer isso, os investimentos continuam.
Os recursos, infelizmente, ainda são inversamente proporcionais ao número crescente necessário à manutenção e expansão do Sistema. Além disso, em 2016, a Emenda Constitucional 95 estabeleceu teto de gastos e congelamento dos investimentos em saúde pelos próximos 20 anos. Isto é trágico.
O maior desafio desde a criação do SUS é garantir sua sustentabilidade. O subfinanciamento parou a expansão do Sistema em diversos estados e o resultado é o colapso do sistema, a demanda crescente de usuários, a paralisação de profissionais, falta de material, ausência de atendimento.
Com base neste cenário, o Maranhão tem buscado experiências exitosas a fim de evitar esses extremos. A finalidade é continuar a expansão da rede e, auxiliar os municípios na execução de serviços de saúde de sua competência: a atenção primária. O discurso tecnocrata de crítica ao SUS esconde apenas um desejo de por fim à universalização e à gratuidade, conquistas históricas. A bandeira de todos nós tem de continuar sendo o SUS eficiente e universal, com assistência gratuita, digna e integral para todos.