segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Colonizadores, por Carlos Lula



Vocês lembram das aulas de histórias sobre os povos mais ricos e desenvolvidos dominando terras e nações ainda não colonizadas? Somos uma dessas colônias. Ops! Éramos. Fiquei confuso porque com os acontecimentos recentes senti que há colonos novamente.

Há os “descobridores” do Brasil, das Índias, da América do Norte, etc. E, atualmente, há quem se ache colonizador da saúde do Maranhão. A saúde tem dono?! Parece que a falta de luta pela independência do Brasil afetou o futuro, mais especificamente no Maranhão. São colonizadores, bandeirantes, imperadores - quase velados.

Por outro lado, enquanto a história não avança na cabeça de alguns, o Maranhão vive um momento único: pela primeira vez em muito tempo a saúde pública do estado recebe a devida atenção, seja para ampliar os serviços, seja para melhorar aquilo que já era ofertado.

A inauguração do Hospital Regional de Chapadinha será mais uma evidência deste novo momento, em que foi possível profissionalizar a gestão e fazer mais com o recurso público, mesmo em um contexto financeiro nacionalmente complicado.

Isso é possível, em primeiro lugar, porque existe a visão estratégica de que a saúde do cidadão é direito fundamental, não barganha política. O usuário do SUS, ao dar entrada em uma UPA, Hospital Regional, Maternidade, etc, ele não tem partido político, ele não possui ideologia favorável ou contrária à gestão que comanda a saúde. Isto pode parecer óbvio, mas quem conhece o Maranhão (e lembra do seu passado recente) sabe muito bem do tratamento diferenciado oferecido à nossa população. Deixamos para trás o “Maranhão Império”.

Esta transição é um diferencial significativo em uma gestão que olha para a qualidade de vida e entende que ampliar a rede de atendimento está além de um projeto político de poder. Isso no Maranhão se reflete numa herança que sempre foi contra as diretrizes nacionais do Sistema Único de Saúde.

Os últimos três anos têm sido determinantes para uma mudança de mentalidade de todos os profissionais envolvidos com a saúde no Estado e também com os usuários. Estruturar e manter uma rede de serviços que seja viável, que não permita vazios assistenciais, ou seja, que seja útil para quem mais precisa.

Voltando para o Hospital Regional de Chapadinha, a nova unidade faz parte deste movimento de elaborar um plano sistêmico para a saúde. Significa ter zelo pela vida. O hospital será referência em atendimento na região do Baixo Parnaíba, colocando à disposição da população um serviço de qualidade, humanizado e que muda completamente a visão do aparelho burocrático sobre a saúde, inclusive com UTI e serviços de hemodiálise.

Saúde como direito e não como mercadoria. Hospital como espaço público em prol do maranhense e não lugar de geração de dividendos para poucas pessoas. Essa mudança tem nome, tem lugar e tem razão de ser. A diferença na administração dos recursos (atualmente um complicador nacional) tem que ser pensada a partir da prioridade maior de um governo.

O esforço que cada funcionário empenhou na conclusão do Hospital de Chapadinha está perfeitamente alinhado com as prioridades desta gestão, ou seja, de entregar para os que se encontram em situação difícil, para os que precisam de cuidado, um ponto de conforto e, sobretudo, respeito.

Os antigos colonizadores desejam reconhecimento, monumentos, altares e holofotes para seus feitos naquele passado ruim. Como uma ressaca forte, só precisamos esquecer. Mal sabem que nossa era é formada por mentes brilhantes inquietas pelo progresso coletivo. Pessoas comuns focadas em fazer mais para esta e para as próximas gerações. Estão na ONU, em ONGs, em empresas privadas, no Ministério da Saúde, na Secretaria de Saúde do Maranhão, dentro de uma unidade hospitalar descobrindo uma nova técnica para salvar uma vida.

No mundo atual, abandonamos a exaltação de um colono para abraçar as conquistas coletivas do nosso novo Maranhão. Uma pena ainda haver tantos com saudades do Império e de seus privilégios.

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