sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Após barraco, Senado adia eleição de presidente para sábado


Após uma sessão tumultuada, os senadores decidiram adiar para este sábado (2) a eleição para presidência da Casa. Os trabalhos serão retomados às 11h. O resultado era esperado nesta sexta-feira (1º). A decisão foi tomada após confusão provocada quando parlamentares decidiram pelo voto aberto. O modelo prejudica Renan Calheiros (MDB-AL).
Em sessão preparatória, presidida por Davi Alcolumbre (DEM-AP), os senadores aprovaram o voto aberto, por 50 votos contra 2. Até então, a escolha era feita de forma sigilosa.
Se Renan ganhar, será a quinta vez que ocupará o cargo, essencial para determinar o ritmo de tramitação de propostas do governo de Jair Bolsonaro, como a reforma da Previdência.
Ao longo da semana, o emedebista foi se fortalecendo e era visto como favorito. O alagoano foi escolhido candidato por seu partido na última quinta-feira (31). Veterano na política, o parlamentar passou a adotar o discurso de um “novo Renan”, a favor de reformas econômicas liberais, alinhadas com o governo Bolsonaro. A estratégia buscou responder à demanda por renovação, expressa nas urnas.

Ao longo do dia, opositores ao emedebista tentaram uma série de medidas para derrotá-lo. A primeira disputa foi para determinar quem presidiria a sessão.
Pela manhã, Alcolumbre derrubou decisão da Secretaria-Geral da Mesa do Senado, que delegava a condução da disputa a José Maranhão (MDB-PB), aliado de Renan. O democrata também exonerou o responsável, o secretário-geral da Mesa, Luiz Fernando Bandeira de Melo.
A manobra provocou tumulto no plenário diante da intenção de Alcolumbre também concorrer à presidência da Casa. No momento, ele ainda não era candidato oficialmente e comandava os trabalhos por ser o único membro remanescente da Mesa Diretora da legislatura anterior, conforme prevê o regimento da Casa.
O alagoano lembrou um episódio da ditadura para reclamar da atuação de seus opositores. “Canalha!, Canalha!”, gritou nos microfones. Sua aliada, Kátia Abreu, chegou a tomar documentos das mãos de Alcolumbre.

Senado tem eleição atípica para Presidência

Neste ano, o número de candidatos na eleição surpreendeu. Até o início da semana, 10 nomes eram apontados. O registro oficial, contudo, só foi feito no dia, conforme o regimento. Além de Renan e Alcolumbre, Álvaro Dias (Podemos-PR), Ângelo Coronel (PSD-BA), Fernando Collor (Pros-AL), Major Olímpio (PSL-SP) e Reguffe (sem partido-DF) se inscreveram.
Desde a redemocratização, é a primeira vez em que a eleição é tão concorrida. Tradicionalmente, há um acordo que determinar a escolha, com no máximo três nomes na disputa e resultado no primeiro turno.
Como o partido com a maior bancada sempre ficou no comando da Casa, na última legislatura, Renan e Eunício Oliveira (MDB-CE) fizeram um acordo para revezar o cargo. O alagoano comandou os trabalhos de 2015 a 2016 e o cearense nos dois anos seguintes.
A pulverização de partidos e a renovação recorde no Senado - das 54 novas vagas, 46 são de novos nomes - são alguns fatores que explicam o novo cenário.
Colocar-se na disputa também é uma moeda de troca. Isso porque desistir da eleição é uma forma de negociar outras indicações, como o comando de comissões e relatorias de propostas relevantes. Alguns dos cargos cobiçados incluem ainda a nomeação de comissionados.

FONTE: HuffPost Brasil

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