Com o objetivo de promover o acolhimento familiar e a comunicação de notícias difíceis de forma adequada, assegurando a realização de uma entrevista para doação de órgãos, a Secretaria de Estado do Maranhão (SES) e o Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA) realizaram, nesta quarta-feira (19), o I Simpósio de Comunicação em Situações Críticas, no Executive Lake, em São Luís (MA).
Durante a participação no simpósio, o secretário de Estado da Saúde, Tiago Fernandes, ressaltou o empenho da Central Estadual de Transplantes e o trabalho conjunto com entidades parceiras, o que tem possibilitado que as pessoas deixem a lista de espera para transplantes de órgãos. “Acredito que é um debate muito oportuno para o momento, intensifica a informação de qualidade e alia a técnica necessária para abordar a temática da doação de órgãos em situações críticas”, disse.
A superintendente do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), Joyce Lages, fez referência a união de esforços para ampliar as doações de órgãos no estado e agradeceu a parceria do gestor estadual da Saúde.
“Nós nos unimos porque estamos preocupados com o resultado benéfico para a sociedade. Como o secretário Tiago Fernandes colocou, foram mãos que se uniram com o propósito comum. Então, momentos como esse são muito importantes para mudar a realidade. E aí a gente queria agradecer a você, como secretário de Estado da Saúde, que tem sido um parceiro de trabalho”, afirmou.
A palestra no simpósio foi ministrada pelo diretor técnico de Saúde da Organização de Procura de Órgãos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (OPO-HCFMUSP), Edivaldo Sousa, considerado uma das maiores autoridades sobre o tema no Brasil.
“Vários fatores podem influir na negativa da família, incluindo a comunicação verbal e não verbal, como gestos, olhares, postura corporal, a insegurança do profissional, a notícia da morte e a abordagem sobre a possibilidade de salvar outras vidas e ressignificar o momento de dor. Nós precisamos ajudar a família na compreensão e aceitação do luto, que não é nada fácil. Então, é fundamental que toda esta cadeia de profissionais esteja preparada”, explicou Edivaldo Sousa.
O simpósio sobre comunicação em situações críticas é baseado nos métodos e protocolos espanhóis, com a percepção da delicadeza do processo de comunicação, e a diferença entre comunicar e informar. A adoção da metodologia na Espanha levou o país a ser o maior do mundo em número de doação de órgãos e tecidos.
O curso capacita profissionais que atuam na Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), na organização de procura de órgãos e da Central Estadual de Transplantes (CET-MA).
“Em menos de um ano da implantação da Política de Aceleração de Transplante do estado, nós evoluímos bastante devido aos esforços de todos os envolvidos. Contudo, ainda sofremos como os demais estados do Nordeste, com uma alta taxa de negativa familiar, que fica por volta de 60% a 70%”, e temos um grande potencial de sensibilizar essas famílias em busca do sim, em busca de salvar essas vidas, relatou o coordenador da Central Estadual de Transplantes do Maranhão, Hiago Sousa.
O simpósio incluiu as etapas de abertura do protocolo de morte encefálica e entrevista familiar para a doação, com vistas a acolher, e esclarecer todo o processo para contribuir com o possível aumento de positivas familiares.
“Este curso tem um impacto gigantesco. De modo geral, a gente está sempre precisando comunicar notícias difíceis e existem técnicas muito sérias, estudadas ao longo dos anos, para que essas notícias sejam passadas da melhor maneira possível para quem vai recebê-las. Aprender isso vai ter um impacto muito positivo no nosso trabalho, para que cada vez mais a gente desenvolva essas habilidades e consiga melhorar os índices de doação, de captação e doação de órgãos do nosso Estado”, destacou a coordenadora da Organização de Procura de Órgãos (OPO) de São Luís, Luciana Sousa.
Participou também da abertura do I Simpósio de Comunicação em Situações Críticas, a chefe da unidade de Clínica Cirúrgica do HU-UFMA, Romerito Neiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário