A Sociedade Brasileira de Infectologia divulgou uma nota na noite desta terça-feira, 24, rebatendo as declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro em cadeia nacional de rádio e TV
e reafirmando a necessidade de isolamento social para conter a pandemia
do coronavírus. A entidade ainda criticou a classificação dada pelo
presidente à doença: "resfriadinho" e se mostrou preocupada com a "falsa
impressão" dada por ele de que as medidas anunciadas são inadequadas.
"Neste difícil momento da pandemia de Covid-19 em todo o mundo e no
Brasil, trouxe-nos preocupação o pronunciamento oficial do presidente da
República Jair Bolsonaro, ao ser contra o fechamento de escolas e ao se
referir a essa nova doença infecciosa como 'um resfriadinho'. Tais
mensagens podem dar a falsa impressão à população que as medidas de
contenção social são inadequadas e que a Covid-19 é semelhante ao
resfriado comum, esta sim uma doença com baixa letalidade. É também
temerário dizer que as cerca de 800 mortes diárias que estão ocorrendo
na Itália, realmente a maioria entre idosos, seja relacionada apenas ao
clima frio do inverno europeu. A pandemia é grave, pois até hoje já
foram registrados mais de 420 mil casos confirmados no mundo e quase 19
mil óbitos, sendo 46 no Brasil", afirma o presidente da entidade, Clóvis
Arns da Cunha.
Durante seu pronunciamento em TV e rádio, o
presidente voltou a usar a palavra "histeria" para classificar as
medidas de isolamento impostas por Estados e municípios em todo o País,
como fechamento de comércios e restrições a locais públicos, como
parques e escolas. Bolsonaro chegou a criticar diretamente o fechamento
de escolas, sejam públicas e privadas, já que, segundo ele, apenas
idosos podem sofrer consequências mais graves se contagiados.
De acordo com a entidade, Bolsonaro acerta quando elogia o trabalho do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta,e
sua equipe, e também quando se mostra preocupado com o impacto
socioeconômico da pandemia, mas reforça que, "do ponto de vista
científico-epidemiológico, o distanciamento social é fundamental para
conter a disseminação do novo coronavírus, quando ele atinge a fase de
transmissão comunitária", na qual o Brasil atualmente se encontra. Hoje,
há casos registrados em todos os Estados.
Nesta quarta-feira, 25,
o presidente voltou a defender suas posições contra o isolamento
social, contrariando mais uma vez as recomendações médicas e sugeridas
por integrantes de seu próprio governo, como o ministro da saúde e sua
equipe. Em entrevista concedida na saída do Palácio da Alvorada,
Bolsonaro chegou a reclamar que caminhoneiros - parte de seu eleitorado -
não têm mais onde se alimentar com o fechamento de restaurantes nas
estradas.
"Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem,
fisioterapeutas e todos os demais profissionais de saúde estão
trabalhando arduamente nos hospitais e unidades de saúde em todo o País.
A epidemia é dinâmica, assim como devem ser as medidas para minimizar
sua disseminação. “Ficar em casa é a resposta mais adequada para a
maioria das cidades brasileiras neste momento, principalmente as mais
populosas", conclui Cunha.
FONTE: Estadão
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