Historicamente, a semana que antecede o primeiro turno das eleições
gerais no Brasil tende a registrar um crescimento do número de denúncias
por crimes eleitorais. Segundo a Polícia Federal (PF), isso se deve à
intensificação da disputa pelo voto dos eleitores e exige um incremento
da atuação da polícia judiciária eleitoral.
Segundo o delegado federal Thiago Borelli, coordenador-geral de
Defesa Institucional da PF, cerca de 40% dos 1.660 procedimentos
investigatórios instaurados durante o período eleitoral das últimas
eleições gerais, em 2014, foram ajuizados na semana que antecedeu o
primeiro turno.
Para dar maior agilidade e eficácia ao seu trabalho de Polícia
Judiciária Eleitoral e aperfeiçoar o apoio à Justiça Eleitoral, a PF
criou o Centro Integrado de Comando e Controle das Eleições 2018
(Cicce). O centro atuará com o apoio de 14 instituições e órgãos
públicos federais de hoje (1) ao dia 8 e de 22 a 28. Funcionará de forma
semelhante à já experimentada durante os grandes eventos ocorridos no
Brasil entre os anos de 2013 a 2016, monitorando situações sob
responsabilidade da PF em todo o país.
“O centro reúne diversos parceiros com a função de zelar para que a
vontade do povo seja respeitada”, disse o ministro da Segurança Pública,
Raul Jungmann, destacando a importância de, a partir de hoje (1), os
vários órgãos que cuidam do “bom transcurso das eleições” terem um
centro de informações integradas. “A democracia é nosso bem maior e não
podemos abrir mão dela de forma alguma”, acrescentou o ministro.
Entre os crimes eleitorais mais comuns às vésperas do primeiro turno
estão o Caixa 2, ou seja, o uso de dinheiro não contabilizado na
prestação de contas aos tribunais eleitorais; a boca de urna; a
propaganda eleitoral fraudulenta; o transporte de eleitores e os crimes
contra a honra (calúnia, injúria e difamação) de candidatos. Além
desses, o próprio diretor-geral da PF, Rogério Galloro, admite que, em
função do recente ataque ao candidato à presidência da República Jair
Bolsonaro (PSL), este ano a PF redobrou o grau de atenção com a
segurança dos candidatos.
“Esse pleito nos traz uma preocupação a mais, que é a segurança dos
candidatos, já que tivemos um atentado contra um candidato”, disse
Galloro ao se referir ao episódio em que Bolsonaro foi esfaqueado
durante um comício em Juiz de Fora (MG), no início de setembro. Dos 13
candidatos que disputam a Presidência da República, apenas seis pediram
proteção à PF.
Integração
Jungmann destacou que as autoridades públicas também estarão atentas à
disseminação das chamadas fake news, informações mentirosas que,
durante o processo eleitoral, é criada e divulgada com o objetivo de
beneficiar determinados candidatos ou prejudicar seus concorrentes. “As
fake news têm o efeito de turbar, de desinformar e criar situações
prejudiciais até mesmo ao andamento das eleições”, disse Jungmann,
esclarecendo que a PF também está monitorando as atuações de
organizações criminosas que, eventualmente, possam tentar interferir no
processo eleitoral.
Segundo o delegado federal Thiago Borelli, a instauração do centro
integrado permitirá às autoridades a acompanhar, em tempo real, todos os
crimes que estejam sendo investigados pela PF, principalmente os crimes
eleitorais, reduzindo o tempo de resposta nos atendimentos às urgências
e emergências.
“Essa integração nos dará uma visão macro [das situações], melhor
resposta, com pronto atendimento [às demandas] e mais capacidade de
subsidiar a Justiça Eleitoral e atender à sociedade”, complementou
Borelli.
Reforço
Preocupados com a situação, superintendentes da PF no Amazonas, em
Pernambuco e Roraima pediram reforço à Brasília, que deslocará policiais
de outras unidades para esses estados. “Desde o início do ano estamos
nos preparando para as eleições. Houve a difusão de diretrizes
institucionais de atuação e investigação da PF. E ao apresentarem seus
planos operacionais, essas três unidades requisitaram a necessidade de
aumento do efetivo”, informou Borelli. O efetivo de reforço será
distribuído pelos municípios que, em anos anteriores, apresentaram alta
incidência de conflitos e crimes eleitorais.
FONTE: Agência Brasil
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