sexta-feira, 3 de outubro de 2025

INSS: Kim Kataguiri pede convocação de Sarney Filho à CPMI

 

O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) apresentou um requerimento de convocação do ex-ministro do Meio Ambiente e ex-deputado federal José Sarney Filho, o Zequinha Sarney, à CPMI do INSS. Como revelou a coluna, o ex-ministro recebeu um pagamento de R$ 7,5 milhões de uma empresa ligada ao empresário Maurício Camisotti, um dos principais investigados na “Farra do INSS”.

Questionado sobre a origem da transferência, feita em março deste ano, Sarney Filho afirmou tratar-se de uma “consultoria de assuntos administrativos”. “Criei recentemente. É uma consultoria de assuntos administrativos, de muitas coisas. É bem ampla, bem legal”, disse ele.

A solicitação foi protocolada nesta quarta-feira (1º/10) e se baseia em indícios de que o ex-deputado estaria envolvido em operações financeiras atípicas ligadas ao esquema que desviou recursos de aposentados e pensionistas.

No requerimento, Kataguiri, que é um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre (MBL), argumenta que a medida é indispensável para esclarecer a origem e a destinação da transferência milionária.

O pagamento foi realizado em 17 de março, por meio da empresa SF Consulting Serviços Ltda., de propriedade de Sarney Filho. O valor exato, de R$ 7.566.054,15, foi transferido pela Rede Mais Saúde Intermediação de Negócios Ltda., administrada pelo filho de Maurício Camisotti, preso em setembro na chamada “Farra do INSS”.

De acordo com Kataguiri, a convocação deve esclarecer a natureza da operação, a existência de contratos que justifiquem o pagamento e a relação pessoal e empresarial entre Sarney Filho e os Camisotti. O deputado também cita investigações anteriores envolvendo o ex-ministro, como a Operação Boi Barrica, deflagrada pela Polícia Federal em 2007.

“Cabe a esta CPMI apurar se a empresa da qual José Sarney Filho é sócio atuou como veículo de passagem ou lavagem de dinheiro vinculado ao esquema de fraudes previdenciárias, ou se os recursos tiveram como finalidade financiamento político, enriquecimento ilícito ou proteção institucional do grupo criminoso liderado por Camisotti”, afirma trecho do requerimento.

Para que José Sarney Filho seja de fato convocado, o requerimento precisa ser votado e aprovado pelo plenário da CPMI, da qual Kataguiri é um dos integrantes.

Em nota, Sarney Filho disse que sua empresa foi contratada por uma firma do filho de Maurício Camisotti, Paulo, e não tem relação com o INSS.

“Não é verdade que eu tenha recebido qualquer recurso de Maurício Camisotti. A minha empresa de consultoria firmou contrato com a Rede Mais Saúde LTDA, que tem como CEO e administrador o Sr. Paulo Camisotti e o contrato não tem absolutamente nenhum vínculo com o Sr. Maurício e muito menos com o INSS”, disse Sarney Filho, em nota.

A coluna não conseguiu contato com Maurício Camisotti, que se encontra preso, ou com sua defesa. O espaço segue aberto.

Kim: Farra do INSS é “maior esquema de fraudes previdenciárias”
À coluna, Kim defendeu a necessidade de ouvir o ex-ministro. “Nós não estamos falando de qualquer figura política, mas de alguém que já esteve envolvido em investigações pesadas no passado e que agora aparece de novo em transações milionárias ligadas ao maior esquema de fraudes previdenciárias do país”, disse.

“A convocação de José Sarney Filho é necessária porque há indícios sérios de que sua empresa foi usada como canal para movimentações financeiras suspeitas. O que precisa ser respondido é simples: esse dinheiro foi para bancar política, enriquecer pessoas ou blindar um grupo criminoso?”, completou.

José Sarney Filho, também conhecido como Zequinha Sarney, é filho do ex-presidente José Sarney. Foi deputado federal pelo Maranhão por nove mandatos consecutivos, entre 1983 e 2019. Ligado às pautas ambientais, foi ministro do Meio Ambiente no governo Michel Temer (MDB), de 2016 a 2018, e, mais recentemente, comandou a mesma pasta no governo do Distrito Federal (2019-2023). 



Fonte: Metrópoles

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