quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Márcio Jerry demite assessor que debochou de refém do grupo palestino Hamas

Depois de chancelar por quatro anos o extremista José Marcos “Sayid” Tenório como seu assessor parlamentar, o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) anunciou nesta terça-feira (10) que vai demiti-lo do seu quadro de assessores na Câmara.

O motivo é o repúdio a uma postagem de Tenório no X, ex-Twitter, em que o extremista debocha de uma refém dos terroristas do Hamas durante o ataque a Israel (“isso é marca de merda. Se achou nas calças”, com um emoji de risada).

Jerry acrescentou: “Reitero minha posição de repúdio aos ataques do grupo Hamas a Israel, como também repudio os ataques de Israel ao povo palestino, defendendo mais uma vez a celebração da tão necessária paz. Comunico ainda que por considerar extremamente grave a manifestação determinei a imediata demissão dele do quadro de minha assessoria na Câmara dos Deputados”.

Nem parece o mesmo parlamentar do PCdoB que, no ano passado, foi à tribuna discursar (foto) em uma “sessão solene sobre os 74 anos da catástrofe palestina” —ou seja, a criação do Estado de Israel.

Como revelou a colunista do GLOBO Malu Gaspar, o ex-assessor parlamentar, que trabalhava na Casa há 32 anos e é vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina, era lotado no gabinete do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA) e tinha um salário de R$ 21 mil.

Sobre a postagem, Sayid Marcos Tenório faz uma “mea culpa”, avaliando que não deveria ter publicado o comentário, mas alegando também que foi mal interpretado.

— Não deveria ter feito a postagem porque é incoerente com tudo o que sempre publiquei sobre o tema. Mas também avalio que fui mal interpretado, porque ficou parecendo que eu estava ironizando uma mulher, mas que, no contexto, não é uma mulher qualquer, é uma guerrilheira israelense — justificou Tenório ao GLOBO.

Ele ocupava um cargo na Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara, da qual o deputado maranhense é presidente. Antes, ele trabalhou no gabinete de Jerry em um cargo comissionado até o último dia 25, com salário mensal bruto de R$ 21 mil – um dos mais mais altos possíveis na Câmara.

A demissão de Sayid aconteceu ainda nesta terça-feira, logo após a repercussão de seu comentário entre parlamentares de direita, que usaram o caso para atacar representantes do governo. Ao longo dos anos em que esteve na Câmara, ele teve passagens por gabinetes de outros políticos, como o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) e os ex-deputados Iara Bernardes e Gustavo Pedro, ambos do PT, e Marta Suplicy, também ex-parlamentar e hoje secretária de Relações Internacionais da cidade de São Paulo.

Filiado ao PCdoB, ele não pretender abandonar a militância política em definitivo, mas pretende dar um tempo, “para esperar a poeira baixar”.

— Nenhum político quer falar comigo nesse momento e eu também não vou procurar ninguém. Estão usando o meu caso como trampolim para atacar o ministros das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o das Comunicações, Paulo Pimenta, com quem me reuni nos últimas semanas, para apresentar as dificuldades que o povo da Palestina enfrenta, antes mesmo de começar o conflito na região. No momento vou esfriar a cabeça, deixar a poeira abaixar e me concentrar nos meus estudos até ver o que a vida vai oferecer — previu.

Tenório, além das fotos dos encontros com os ministros de Lula, também exibe em suas redes sociais imagens ao lado de outros políticos, como os deputados federais Orlando Silva (PCdoB-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Erika Kokay (PT-DF). Entre as imagens, há ainda uma foto ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff, que, segundo ele, foi tirada enquanto ela ainda ocupava o Palácio do Planalto.

— Esse encontro aconteceu pouco tempo antes do impeachment, antes de ela ser afastada do cargo. A encontrei em um evento e fiz questão de demonstrar meu apoio à época, mas não tenho nenhuma relação pessoal — ressaltou.

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