segunda-feira, 22 de setembro de 2025

“Eu pensei que não voltaria a falar, nem a andar direito”, disse primeira paciente atendida pelo Programa AVC – Cada Segundo Importa

 

“Eu pensei que não voltaria a falar, nem a andar direito, mas o programa salvou a minha vida”. O depoimento emocionado é de Maria Belfort, 77 anos, a primeira pessoa atendida na rede estadual pelo programa AVC – Cada Segundo Importa. Dois anos depois de sofrer um princípio de Acidente Vascular Cerebral (AVC), ela conta que recuperou movimentos, fala e qualidade de vida. O programa é uma inovação do Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), na rede estadual de saúde.

Maria lembra bem o dia em que tudo aconteceu. Ao sentir a fala enrolada e perder os movimentos de um dos lados do corpo, foi levada às pressas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade Operária e, de lá, transferida para o Hospital da Ilha, onde recebeu o atendimento especializado. O diagnóstico foi confirmado e a aposentada foi submetida ao tratamento trombolítico, fundamental para dissolver o coágulo. “Quando eu comecei a apertar a mão do Dr. Marcone, ele chamou a minha filha e disse que eu estava melhorando. Fiquei seis dias na UTI para me recuperar. Hoje não tenho sequelas. Foi como renascer”, disse feliz Maria.

O programa AVC – Cada Segundo Importa foi lançado em setembro de 2023 pelo Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), e chega ao segundo ano de funcionamento com resultados expressivos. Desde a implantação, já foram realizados 1.080 atendimentos, dos quais 589 confirmados como AVC, com a realização de 123 trombólises.

Em janeiro de 2025, o programa deu um passo decisivo com a inclusão da trombectomia, realizada no Hospital Carlos Macieira, em São Luís. Desde então, três procedimentos já foram feitos com sucesso dentro do protocolo, que estabelece até seis horas após o início dos sintomas. Enquanto a trombólise utiliza medicamentos para dissolver o coágulo, a trombectomia consiste na retirada mecânica do trombo do vaso sanguíneo, ampliando as chances de recuperação e reduzindo sequelas graves.

O secretário de Estado da Saúde, Tiago Fernandes, que visitou dona Maria em casa, destacou a importância da iniciativa. “O Governo do Maranhão, sob a liderança do governador Carlos Brandão, determinou o investimento em tecnologia, equipes especializadas e em protocolos que fazem diferença. Esse programa salva vidas e devolve a esperança todos os dias e mostra o quanto o Maranhão avançou no cuidado em saúde”, destacou.

Um dos diferenciais do programa é o uso da plataforma Join, ferramenta de telemedicina que conecta em tempo real UPAs e hospitais da rede estadual a especialistas de referência. Essa integração garante avaliação ágil e encaminhamento ao tratamento dentro da chamada "janela terapêutica", isto é, até quatro horas e meia para a trombólise e até seis horas para a trombectomia.

Rede

Além das UPAs do Araçagy, Cidade Operária, Vinhais, Parque Vitória, Bacanga e Paço do Lumiar (em São Luís), também integram a rede do Programa as UPAs de Codó, Coroatá e Imperatriz. Os hospitais de referência são o Hospital da Ilha, Hospital Carlos Macieira e Hospital da Vila Luizão (em São Luís), o Hospital Laura Vasconcelos (Bacabal), o Hospital Alexandre Mamede Trovão (Coroatá) e o Hospital Macrorregional Ruth Noleto (Imperatriz).

A meta é ampliar a cobertura para mais municípios, que já recebem capacitações para integrar a rede de atendimento especializado.

O coordenador do Programa e neurologista, Marcone Moreno, explica a gravidade do AVC e a conquista da população. "É uma das condições de maior mortalidade no mundo, juntamente com o Infarto Agudo do Miocárdio, sendo a principal causa de sequela no mundo. O AVC sempre existiu, a diferença é que temos à disposição meios para lidar com a fase aguda que conseguem dirimir sequelas, trazer qualidade de vida e reduzir mortalidade. Para que possamos ser de fato efetivos para o tratamento é necessário que haja a identificação da suspeita de AVC, que deve ser de conhecimento comum a todos: Fala enrolada, corpo fraco de um lado, boca torta, iniciando de forma súbita, tem que ir de imediato à emergência. Só conseguimos tratar a fase aguda aqueles pacientes que conseguirem de forma ágil chegar a uma emergência, não podemos perder nem um segundo", explicou o coordenador.

Maria segue sendo acompanhada na Policlínica do Vinhais - unidade também da rede estadual. Ao rever a própria trajetória, ela resume em poucas palavras o impacto da política pública: “O programa AVC Cada Segundo Importa salvou a minha vida. Hoje eu posso abraçar meus filhos e netos sem depender de ninguém. Isso não tem preço”.

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